quarta-feira, 31 de março de 2010

Solidariedade cubana

Ucrânia homenageia Fidel e Raúl pela ajuda médica às vítimas de Chernobil

O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, condecorou o líder cubano Fidel Castro e o presidente do país Raúl Castro, pela apoio oferecido às vítimas do acidente nuclear de Chernobil.
A homenagem ao governo cubano acontece no momento em realiza-se em Havana a “Conferência Internacional 20 anos do programa médico cubano crianças de Chernobil”. Há 20 anos, no dia 29 de março de 1990, chegavam a Cuba a primeira turma de 139 crianças, recebidas naquela ocasião pelo presidente Fidel.
De acordo com um comunicado de imprensa, Yanukovich condecorou Fidel Castro com a Ordem “Ao Mérito” em primeiro grau e a Raúl com a Ordem de “Yaroslav, o Sábio”, também em primeiro grau, por sua importante contribuição para o restabelecimento da saúde das Crianças de Chernobil. O ministro da Saúde cubano, José Ramón Balaguer, também foi homenageado.
Yanukovich expressou a profunda gratidão às autoridades cubanas pelo “enorme apoio à Ucrânia para a superação das consequências do desastre nuclear”.“Graças à ajuda médica oferecida por Cuba, resultado da decisão política do líder da Revolução. Fidel Castro, as crianças ucranianas contam com um futuro e uma vida sã”, afirmou Leonid Kuchma, enviado especial da Ucrânia, ao celebrar de 20 anos do programa cubano de atenção a crianças afetadas pela explosão da central nuclear de Chernobil, ocorrida em 26 de abril de 1986.
“Quando muitos países ricos demonstraram pesar, a nação caribenha manifestou sua solidariedade, ajudando a curar e salvar milhares de crianças e jovens ucranianos”, ressaltou Kuchma.
Quase 23 mil crianças ucranianas receberam cuidados médicos no centro de reabilitação cubano de Tarará para tratarem das sequelas do pior acidente nuclear da história, ocorrido em 1986, na usina nuclear de Chernobil, lembra o comunicado.

O PETRÓLEO É NOSSO

CONCESSÃO E PARTILHA É ENTRGUISMO

MST: o petróleo é do Brasil


“Estamos essa campanha há algum tempo, buscando a unidade em defesa do pré-sal. Esta é uma bandeira cívica e se é cívica, cabe diversos setores. Cabem nacionalistas, comunistas e até setores militares. Precisamos saber unificá-los”, disse Jota Alves, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Para ele, “a discussão agora dos royalties é um boi de piranha para não discutirmos a soberania sobre o petróleo. Precisamos saber que tipo de luta estamos fazendo. O nosso campo de batalha é nas ruas. Não podemos abandonar o Congresso, mas não é a nossa luta central. São Paulo tem a tarefa de fazer um debate justo de que o petróleo é do Brasil”.
MTST

“A nossa luta não é só por moradia, mas também por alimentação, saúde e educação. Com o pré-sal nós podemos conseguir tudo isso. O pré-sal não pode ser apenas para alguns, mas para todo o povo brasileiro. Não podemos abaixar a cabeça e sim defender o que é nosso. Nesta luta, se precisarem, ‘é nós’”, afirmou a jovem Danieli Camargo, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), arrancando aplausos do plenário no ato "O pré-sal é nosso! Leilão é privatização" na Assembleia Legislativa de São Paulo.

segunda-feira, 29 de março de 2010

PORQUE NÃO SE FAZ UMA CPI SOBRE O CNA E O AGROBANDITISMO (agronegócio) DA KATIA ABREU?

CONVERSA AFIADA

Carter: Kátia Abreu recebe 25 vezes mais dinheiro do Governo do que o MST

Por Paulo Henrique Amorim

Em dezembro de 2009, Miguel Carter concluiu o trabalho de organizar o livro ‘Combatendo a Desigualdade Social – O MST e a Reforma Agrária no Brasil.’. É um lançamento da Editora UNESP, que reúne colaborações de especialistas sobre a questão agrária e o papel do MST pela luta pela Reforma Agrária no Brasil.
Esta semana, ele conversou com Paulo Henrique Amorim, por telefone.
PHA – Professor Miguel, o senhor é professor de onde?
MC – Eu sou professor da American University, em Washington D.C.
PHA – Há quanto tempo o senhor estuda o problema agrário no Brasil e o MST?
MC- Quase duas décadas já. Comecei com as primeiras pesquisas no ano de 91.
PHA – Eu gostaria de tocar agora em alguns pontos específicos da sua introdução “Desigualdade Social Democracia no Brasil”. O senhor descreve, por exemplo, a manifestação de 2 de maio de 2005, em que, por 16 dias, 12 mil membros do MST cruzaram o serrado para chegar a Brasília. O senhor diz que, provavelmente, esse é um dos maiores eventos de larga escala do tipo marcha na história contemporânea. Que comparações o senhor faria ?
MC – Não achei outra marcha na história contemporânea mundial que fosse desse tamanho. A gente tem exemplo de outras mobilizações importantes, em outros momentos, mas não se comparam na duração e no numero de pessoas a essa marcha de 12 mil pessoas. Houve depois, como eu relatei no rodapé, uma mobilização ainda maior na Índia, também de camponeses sem terra. Mas a de 2005 era a maior marcha.
PHA – O senhor compara esse evento, que foi no dia 2 de maio de 2005, com outro do dia 4 de junho de 2005 – apenas 18 dias após a marcha do MST – com uma solenidade extremamente importante aqui em São Paulo que contou com Governador Geraldo Alckmin, sua esposa, Dona Lu Alckmin, e nada mais nada menos do que um possível candidato do PSDB a Presidência da República, José Serra, que naquela altura era prefeito de São Paulo. Também esteve presente Antônio Carlos Magalhães, então influente senador da Bahia. Trata-se da inauguração da Daslu. Por que o senhor resolver confrontar um assunto com o outro ?
MC – Porque eu achei que começar o livro com simples estatísticas de desigualdades sociais seria um começo muito frio. Eu acho que um assunto como esse precisa de uma introdução que também suscite emoções de fato e (chame a atenção para) a complexidade do fenômeno da desigualdade no Brasil. A coincidência de essa marcha ter acontecido quase ao mesmo tempo em que se inaugurava a maior loja de artigos de luxo do planeta refletia uma imagem, um contraste muito forte dessa realidade gravíssima da desigualdade social no Brasil. E mostra nos detalhes como as coisas aconteciam, como os políticos se posicionavam de um lado e de outro, como é que a grande imprensa retratava os fenômenos de um lado e de outro.
PHA – O senhor sabe muito bem que a grande imprensa brasileira – que no nosso site nós chamamos esse pessoal de PiG (Partido da Imprensa Golpista) - a propósito da grande marcha do MST, a imprensa ficou muito preocupada como foi financiada a marcha. O senhor sabe que agora está em curso uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, que reúne o Senado e a Câmara, para discutir, entre outras coisas, a fonte de financiamento do MST. Como o senhor trata essa questão ? De onde vem o dinheiro do MST ?
MC _ Tem um capítulo 9 de minha autoria feito em conjunto com o Horácio Marques de Carvalho que tem um segmento que trata de mostrar o amplo leque de apoio que o MST tem, inclusive e apoio financeiro.
PHA – O capítulo se chama “Luta na terra, o MST e os assentamentos” - é esse ?
MC – Exatamente. Há uma parte onde eu considero sete recursos internos que o MST desenvolveu para fortalecer sua atuação, nesse processo de fazer a luta na terra, de fortalecer as suas comunidades, seus assentamentos. E aí tem alguns detalhes, alguns números interessantes. Porque eu apresento dados do volume de recursos que são repassados para entidades parceiras por parte do Governo Federal. Eu sublinho no rodapé dessa mesma página o fato de que as principais entidades ruralistas do Brasil têm recebido 25 vezes mais subsídios do Governo Federal (do que o MST). E o curioso de tudo isso é que só fiscalizado como pobre recebe recurso público. Mas, sobre os ricos, que recebem um volume de recursos 25 vezes maior que o dos pobres, (sobre isso) ninguém faz nenhuma pergunta, ninguém fiscaliza nada. Parece que ninguém tem interesse nisso. E aí o Governo Federal subsidia advogados, secretárias, férias, todo tipo de atividade dos ruralistas. Então chama a atenção que propriedade agrária no Brasil, ainda que modernizada e renovada, continua ter laços fortes com o poder e recebe grande fatia de recursos públicos. Isso são dados do próprio Ministério da Agricultura, mencionados também nesse capítulo. Ainda no Governo Lula, a agricultura empresarial recebeu sete vezes mais recursos públicos do que a agricultura familiar. Sendo que a agricultura familiar emprega 80% ou mais dos trabalhadores rurais.
PHA – Qual é a responsabilidade da agricultura familiar na produção de alimentos na economia brasileira ?
MC – Na página 69 há muitos dados a esse respeito.
PHA- Aqui: a mandioca, 92% saem da agricultura familiar. Carne de frango e ovos, 88%. Banana, 85%.. Feijão, 78%. Batata, 77%. Leite, 71%. E café, 70%. É o que diz o senhor na página 69 sobre o papel da agricultura familiar. Agora, o senhor falava de financiamentos públicos. Confederação Nacional da Agricultura, presidida pela senadora Kátia Abreu, que talvez seja candidata a vice-presidente de José Serra, a Confederação Nacional da Agricultura recebe do Governo Federal mais dinheiro do que o MST ?
MC – Muito mais. Essas entidades ruralistas em conjunto, a CNA, a SRB, aquela entidade das grandes cooperativas, em conjunto elas recebem 25 vezes do valor que recebem as entidades parceiras do MST. Esses dados, pelo menos no período 1995 e 2005, fizeram parte do relatório da primeira CPI do MST. O relatório foi preparado pelo deputado João Alfredo, do Ceará.
PHA – O senhor acredita que o MST conseguirá realizar uma reforma agrária efetiva ? A sua introdução mostra que a reforma agrária no Brasil é a mais atrasada de todos os países que fazem ou fizeram reforma agrária. Que o Brasil é o lanterninha da reforma agrária. Eu pergunto: por que o MST não consegue empreender um ritmo mais eficaz ?
MC – Em primeiro lugar, a reforma agrária é feita pelo Estado. O que os movimentos sociais como o MST e os setenta e tantos outros que existem em todo o Brasil fazem é pressionar o Estado para que o Estado cumpra o determinado na Constituição. É a cláusula que favorece a reforma agrária. O MST não é responsável por fazer. É responsável por pressionar o Governo. Acontece que nesse país de tamanha desigualdade, a história da desigualdade está fundamentalmente ligada à questão agrária. Claro que, no século 20, o Brasil, se modernizou, virou muito mais complexo, surgiu todo um setor industrial, um setor financeiro, um comercial. E a (economia) agrária já não é mais aquela, com tanta presença no Brasil. Mas, ainda sim, ficou muito forte pelo fato de o desenvolvimento capitalista moderno no campo, nas últimas décadas, ligar a propriedade agrária ao setor financeiro do país. É o que prova, por exemplo, de um banqueiro (condenado há dez anos por subornar um agente federal – PHA) como o Dantas acabar tendo enormes fazendas no estado do Pará e em outras regiões do Brasil. Houve então uma imbricação muito forte entre a elite agrária e a elite financeira. E agora nessa última década ela se acentuou num terceiro ponto em termos de poder econômico que são os transacionais, o agronegócio. Cargill, a Syngenta… Antes, o que sustentava a elite agrária era uma forte aliança patrimonialista com o Estado. Agora, essa aliança se sustenta em com setor transacional e o setor financeiro.
PHA – Um dos sustos que o MST provoca na sociedade brasileira, sobretudo a partir da imprensa, que eu chamo de PiG, é que o MST pode ser uma organização revolucionária – revolucionária no sentido da Revolução Russa de 1917 ou da Revolução Cubana de 1959. Até empregam aqui no Brasil, como economista Xico Graziano, que hoje é secretário de José Serra, que num artigo que o senhor fala em “terrorismo agrário”. E ali Graziano compara o MST ao Primeiro Comando da Capital. O Primeiro Comando da Capital, o PCC, que, como se sabe ocupou por dois dias a cidade de São Paulo, numa rebelião histórica. Eu pergunto: o MST é uma instituição revolucionária ?
MC – No sentido de fazer uma revolução russa, cubana, isso uma grande fantasia. E uma fantasia às vezes alardeada com maldade, porque eu duvido que uma pessoa como o Xico Graziano, que já andou bastante pelo campo no Brasil, não saiba melhor. Ele sabe melhor. Mas eu acho que (o papel do) MST é (promover) uma redistribuição da propriedade. E não só isso, (distribuição) de recursos públicos, que sempre privilegiou os setores mais ricos e poderosos do país. Há, às vezes, malícia mesmo de certos jornalistas, do Xico Graziano, Zander Navarro, dizendo que o MST está fazendo uma tomada do Palácio da Alvorada. Eles nunca pisaram em um acampamento antes. Então, tem muito intelectual que critica sem saber nada. O importante desse (“Combatendo a desigualdade social”) é que todos os autores têm longos anos de experiência (na questão agrária). A grande maioria tem 20, 30 anos de experiência e todos eles têm vivência em acampamento e assentamentos. Então conhecem a realidade por perto e na pele. O Zander Navarro, por exemplo, se alguma vez acompanhou de perto o MST, foi há mais de 15 anos. Tem que ter acompanhamento porque o MST é de fato um movimento.
PHA – Ou seja, na sua opinião há uma hipertrofia do que seja o MST ? Há um exagero exatamente para criar uma situação política ?
MC – Exatamente. Eu acho que há interesse por detrás desse exagero. O exagero às vezes é inocente por gente que não sabe do assunto. Mas às vezes é malicioso e procura com isso criar um clima de opinião para reprimir, criminalizar o MST ou cortar qualquer verba que possa ir para o setor mais pobre da sociedade brasileira. Há muito preconceito de classe por trás (desse exagero).

quarta-feira, 17 de março de 2010

Mensagem enviada a senadores reacionários

Senhor senador
O preso cubano falecido sabe que foi preso por crime de traição á pátria. Traição contra um país em marcha para o socialismo. Este preso estava a serviço dos mesmos que invadiram Cuba em 1961 em praia Giron (baia dos porcos). Os estadunidenses mandaram o casal Lindemberg, cientistas, para a câmara de gases por estarem supostamente á serviço da URSS

OS GENOCIDAS ESTADUNIDENSES ASSASSINARAM ATÉ AGORA, SÓ NO IRAQUE, 1,400.000 PESSOAS, SENDO A MAIORIA VELHOS, MULHERES E CRIANÇAS. A ELITE BURGUESA MIDIÁTICA E O SENHOR PROTESTAM CONTRA UM MERDA TRAIDOR QUE MORREU DE FOME EM CUBA, MAS NADA FALA SOBRE O QUE ACONTECE NO IRAQUE, AFEGANISTÃO E PRESÍDIO ESTADUNIDENSE EM GUANTANAMO, ONDE PRISIONEIROS PELO SIMPLES FATO DE TEREM ORIGEM ÁRABE OU MULÇUMANA SÃO CRUELMENTE TORTURADOS E ASSASSINADOS? O IMPÉRIO DO MAL NÃO ESTÁ ARBITRARIAMENTE OCUPANDO PARTE DO TERRITÓRIO CUBANO? ISTO NÃO É CRIME? SEU CINISMO É DEMAIS.
NÃO ESTÁ PREOCUPADO COM AS BASES ESTADUNIDENSSES INSTALADAS NA COLÔMBIA? ELAS NÃO AMEAÇAM NOSSA AMAZÔNIA? NÃO AMEAÇAM OS DEMOCRÁTICOS E PACÍFICOS GOVERNOS DA VENEZUELA, EQUADOR E DEMAIS PAÍSES LATINOS?
O SENADOR NÃO SE PREOCUPA COM OS 30 MIL MERCENÁRIOS ESTADUNIDENSES INSTALADOS NA COREIA DO SUL, COM ARMAS SOFISTICADÍSSIMAS HÁ 60 ANOS AMEAÇANDO A PACÍFICCA COREIA DO NORTE?
O SENADOR ESTÁ PREOCUPADO COM OS ESTUDOS NUCLEARES DO IRAN, MAS NADA DIZ SOBRE AS BOMBAS ATÔMICAS DO CRIMINOSO, AGRESSIVO E IRRESPONSSÁVEL ESTADO DE ISRAEL? NADA DIZ SOBRE O MASSACRE DE PALESTINOS QUE PARA SE DEFENDEREM USAM ROJÕES E PEDRAS CONTRA PERIGOSOS FOGUETES TELEGUIADOS?
PARA O SENADOR, CUBA, VENEZUELA, EQUADOR, BOLÍVIA, IRAN SÃO DITADURAS, MAS O QUE PENSA O ILUSTRE E PREOCUPADO SENADOR, PREOCUPADO COM OS DIREITOS HUMANOS, DOS GOVERNOS DO EGITO, KUWAIT, EMIRADOS ARABES, ARÁBIA SAUDITA, TAILÂNDIA, ETC?
E AS BOMBAS QUIMICAS USADAS A POUCO TEMPO CRIMINOSAMENTE NO VIETNAN?
VAMOS PARAR POR AQUÍ, POIS A LISTA DE CRIMES COMETIDOS POR SEUS PATRÕES ESTADUNIDENSES, PARA VOCÊ, MODELO DE VIRTUDE E DEMOCRACIA É POR DEMAIS EXTENSA E DARIA PARA ESCREVER UM LIVRO COM QUASE MIL PÁGINAS.
UM CONSELHO: NÃO TORNE MAIS INÚTIL E DESNECESSÁRIO O NOSSO SENADO. CUIDE MAIS DOS INTERESSSES BRASILEIROS POIS PARA ISTO FOI ELEITO.

ATENCIOSAMENTE,
BLASCO MIRANDA DE OUROFINO
MÉDICO APOSENTADO

sexta-feira, 12 de março de 2010

CLARA ZETKIN- REVOLUCIONÁRIA ALEMÃ

Figuras do Movimento Operário: Clara Zetkin — A Vida e os Ensinamentos de Uma Revolucionária
S. Drabkina
Primeira Edição: ..... Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 30 - Outubro de 1950 . Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo, Março 2008.Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.


A ATIVIDADE de Clara Zetkin, companheira de armas de Engels, Lênin e Stálin, constitui um exemplo de luta heróica pela causa do comunismo.
A União das Mulheres Alemãs editou um volume dedicado à vida e à atividade de Clara Zetkin. Nele se apresenta uma curta biografia de Clara Zetkin, as lembranças que velhos revolucionários conservam sobre ela, dos membros da União Democrática das Mulheres Alemãs e trechos de suas obras e discursos. O material se acha disposto em ordem cronológica. Trechos de artigos e discursos de Clara Zetkin intercalam-se com os episódios de sua vida. O livro em seu conjunto nos apresenta uma imagem viva dessa notável mulher, de "uma revolucionária marxista convicta, ativa e inflamada que dedicou toda a sua vida à luta pela causa da classe operária, à luta pela vitória do socialismo em todo o mundo"(1) como se referiu a ela N. K. Krupskaia, que a conheceu intimamente.
O prefácio ao volume assinala, com toda justeza, que as questões nele tratadas são atuais para milhões de mulheres alemãs que lutam pela independência de sua pátria e pelo seu desenvolvimento democrático.
"As suas palavras e as suas ações despertavam em milhões a vontade de luta. E hoje, quando nós, na zona soviética, temos a possibilidade de forjar o nosso destino como as nossas próprias mãos, as suas palavras e as suas ações infundem esperança e fé nas nossas forças".
A vida de Clara Zetkin se acha indissoluvelmente ligada à história da luta do proletariado internacional. Por mais de meio século ela permaneceu nas fileiras de vanguarda do movimento operário da Alemanha e dirigiu o movimento feminino proletário internacional. Inteiramente dedicada à causa da classe operária, Clara Zetkin combinava em si mesma um temperamento revolucionário inabalável e uma formação profundamente marxista.
As etapas fundamentais da vida de Clara Zetkin se acham descritas na sua curta biografia de maneira suficientemente ampla e inteiramente correta. Mas há também algumas falhas sérias. Assim, ao descrever a atividade de Clara Zetkin, por ocasião do primeiro Congresso da II Internacional em Paris em 1889, o autor da biografia, G. Meyer Gepner, silencia sobre o fato de que nesse Congresso Clara Zetkin se encontrou, pela primeira vez, com Engels. É sabido que esse encontro influenciou profundamente toda a atividade ulterior de Clara Zetkin.
Em carta à Lafargue, Engels assinalou a alta qualidade dos artigos de Clara Zetkin na imprensa socialista:
"Clara Zetkin escreveu um excelente artigo no "Berliner Volks-Tribune"; se tivéssemos tão clara exposição dos fatos três meses atrás, muito lucraríamos então".(2)
É de se lamentar que também esse interessante fato não seja citado na biografia.
Clara Zetkin teve a felicidade de trabalhar sob a direção dos grandes gênios do socialismo, Lênin e Stálin.
O autor da biografia assinala, com justeza, a ligação estreita entre Clara Zetkin e o movimento revolucionário russo que lhe serviu como fonte de força combativa e modelo de fidelidade ao marxismo revolucionário. Já em 1878, ao terminar o professorado em Leipzig, a jovem Clara Eisner se fez membro de um círculo de estudantes revolucionários russos. Nesse círculo estudava as obras de Marx e Engels e ouvia as conferências de Wilhelm Liebknecht. Um dos participantes desse círculo foi o professor Ossip Zetkin, emigrado russo, posteriormente marido de Clara.
A partir de 1920, e até o fim de sua vida, Clara Zetkin viveu principalmente em Moscou viajando apenas de vez em quando à países estrangeiros .
Clara Zetkin atuava incansavelmente como propagandista e agitadora, escrevendo muitos livros e artigos sobre a significação da União Soviética para o movimento operário revolucionário em todo o mundo. A ativa participação de Clara Zetkin nos trabalhos da Organização Internacional de Ajuda aos Revolucionários (O.I.A.R.) e na organização de uma frente única de solidariedade proletária constitui um dos seus méritos ante o movimento operário internacional. Foi eleita e sistematicamente reeleita presidente do Comitê Executivo da O.I.A.R., desde 1924 até os seus últimos dias.
Acha-se perfeitamente esclarecido, na biografia em questão, o papel de Clara Zetkin como organizadora do movimento feminino internacional. Zetkin tratou da questão da igualdade de direitos das mulheres do ponto de vista marxista e a ligou à luta comum do proletariado pela derrocada do regime burguês. Nos seus numerosos artigos e discursos sobre a questão feminina Zetkin sempre frisava a imensa diferença entre os participantes do movimento feminino proletário e as "feministas" burguesas que pregavam a renúncia à luta de classes.
"Todo o palavreado relativo à grande "irmandade" que liga os interesses das damas burguesas aos interesses das proletárias se desfez como bolha de sabão ao sopro da concepção materialista" – escreveu Zetkin na revista "A Igualdade", habilmente transformada por ela em centro organizador do movimento proletário feminino.
São citadas na biografia as interessantes lembranças da escritora Lu Merten sobre o fato de que na revista "Igualdade" eram transcritas as as obras de Máximo Gorki e de Martin Anderson Nexo. Zetkin apreciava o talento desses escritores já na época em que davam os seus primeiros passos na literatura.
Clara Zetkin, no congresso socialista internacional realizado em 1912 na cidadã de Basiléia, convocado por motivo da guerra dos Bálcãs e da ameaça de uma guerra mundial, conclamou as mulheres trabalhadoras à luta decidida contra os fomentadores da guerra imperialista. Reproduz-se na biografia o excelente discurso de Clara Zetkin no congresso de Basiléia sob o título "Clara Zetkin lança um apelo às mães de todo o mundo". Afirmou Clara Zetkin nesse discurso que não se concebe um movimento de massas pela paz sem a participação das mulheres proletárias e que a paz estará assegurada somente quando uma esmagadora maioria das mulheres de todo o mundo aderirem à luta pela causa da paz, pela causa da liberdade e da felicidade da humanidade, sob a palavra de ordem de "Guerra à Guerra!".
Na época da primeira guerra mundial, Clara Zetkin foi encarcerada por longo período, pelo governo de Guilherme II, por causa da sua atividade revolucionária. O nome de Clara Zetkin se tornou símbolo, para milhões de mulheres trabalhadoras de todo o mundo, de luta revolucionária contra o regime capitalista e a guerra imperialista.
Observa-se na biografia que Clara Zetkin participou com o maior entusiasmo da construção do Estado Soviético "que de maneira perfeitamente clara apontava o caminho para uma autêntica libertação dos trabalhadores" Cabe-nos, entretanto, frisar que o autor da biografia se utilizou de maneira insuficiente dos materiais que dizem respeito à variada e febril atividade de Clara Zetkin na Rússia Soviética.
Clara Zetkin estudou atentamente a vida das mulheres na U.R.S.S. Clara notou que a luta heróica das mulheres trabalhadoras na Rússia pela ditadura do proletariado deveria servir de exemplo convincente e de lição para as mulheres de todo o mundo. Zetkin se interessava particularmente pela emancipação das mulheres do Oriente soviético. Em 1926 empreendeu uma viagem pela Transcaucásia, escrevendo logo após o livro "O Cáucaso em fogo". Nesse livro divulgou entre amplas massas dos países estrangeiros as conquistas das mulheres libertadas das repúblicas nacionais soviéticas. Contava empreender também uma viagem à Ásia Central a fim de estudar a situação das mulheres muçulmanas que haviam atirado fora o "parandjá" e adquirido a possibilidade de participar ativamente em todos os setores da construção socialista. Uma moléstia grave impediu-a, porém, de realizar essa viagem.
Em 8 de março de 1933 o governo da U.R.S.S. concedeu à Clara Zetkin a Ordem de Lênin pelo seu grande e abnegado trabalho no setor da educação comunista das trabalhadoras e camponesas. É de se lamentar que a biografia não mencione nem esse fato e nem a brochura de Zetkin sob o título: "O testamento de Lênin às mulheres de todo o mundo". Lênin exerceu grande influência sobre o desenvolvimento de Clara Zetkin. Foi o seu mestre e inspirador ideológico na luta pela causa da classe operária, na luta contra o oportunismo pequeno-burguês e contra o reformismo dos chefes da Segunda Internacional.
Nas suas "Recordações sobre Lênin", das quais a biografia reproduz trechos, Clara Zetkin o denomina "inesquecível chefe e amigo".
Tendo mencionado o primeiro encontro de Vladimir Ilitch com Zetkin 1907 no congresso socialista internacional em Stuttgart o compilador deixou escapar um lamentável erro: ao invés de "em Stuttgart", se diz erroneamente, por duas vezes, na página 47, "em Copenhague". Os autores do volume deixaram de fazer qualquer referência à luta contra os oportunistas por ocasião do Congresso de Stuttgart que Zetkin travou sob a direção de Lênin. Os autores do volume também não se utilizaram das obras de Lênin em que este por mais de uma vez menciona a atividade de Zetkin. É sabido que Lênin tinha Clara Zetkin em alta consideração pela sua ousada e firme luta nas fileiras da Segunda Internacional de antes da guerra contra os oportunistas e os centristas.
Após a vitória da Grande Revolução Socialista de Outubro na Rússia Lênin por mais de uma vez afirmou que todos os melhores social-democratas alemães, como Clara Zetkin e Franz Mehring, seguiam os ensinamentos dos bolcheviques. Lênin declarou, em seu informe apresentado ao V Congresso dos Soviets de Toda a Rússia, realizado em 5 de julho de 1918:
"A União de todos os trabalhadores, através de todas as dificuldades se fortalece, amplia-se e cresce não somente na Rússia, mas também em todo o mundo. . . O governo bolchevique recebe constantemente a expressão do reconhecimento e a expressão da simpatia e do apoio dos socialistas alemães e de outras pessoas cujos nomes são conhecidos de todos os trabalhadores e camponeses, como Clara Zetkin e Franz Mehring"(3).
Faltam também à compilação artigos de Clara Zetkin sobre Lênin publicados na imprensa soviética como, por exemplo, o excelente artigo "Um político revolucionário genial e realista", escrito por Zetkin por ocasião da morte de Lênin(4).
Intrépida Lutadora Pela Paz e Contra o Fascismo
A SEGUNDA parte do livro coloca em primeiro plano a atividade de Clara Zetkin como lutadora pela paz, contra o fascismo e os fomentadores de guerra. Um dos maiores méritos de Clara Zetkin é a sua luta incansável contra os incendiários das guerras imperialistas, luta contra a guerra, que os fascistas preparavam, contra a União Soviética. Os seus trabalhos contra os fomentadores de guerra ressoam com grande força também em nosso tempo, quando o perigo de uma nova guerra imperialista ameaça novamente as massas trabalhadoras de todo o mundo.
Em excelente artigo a propósito do Congresso Internacional Anti-Guerreiro, realizado em 1932 em Amsterdã, em ligação com a invasão da China pelos imperialistas japoneses, Clara Zetkin escreveu:
"Às criminosas destruições dos imperialistas deve se opor a vontade granítica das massas amantes da paz... O Congresso Anti-Guerreiro unifica muitas centenas de seus representantes, homens e mulheres, fortalece as suas ligações com os trabalhadores de todas as profissões e países que anseiam pela paz e chama à luta decidida novas massas que ainda não despertaram e ainda vacilam".
Clara Zetkin frisou, no mesmo artigo que os trabalhadores de todos os países manifestam a sua integral solidariedade ao povo chinês que luta pela sua independência.
"Sabemos que a luta intrépida dos trabalhadores e estrangeiros trará a liberdade e a paz também para nós".
Clara Zetkin escreveu na luta contra uma nova guerra imperialista os trabalhadores de todo o mundo devem se apoiar na União Soviética. O exemplo da União Soviética, da Grande Revolução Socialista de Outubro, a vitória sobre a intervenção estrangeira nos anos da guerra civil e a construção socialista, que se desenvolve vitoriosamente, testemunham o fato de que o proletariado já se acha maduro para construir uma sociedade nova, socialista, livre da exploração do homem pelo homem — afirmou Clara Zetkin.
Clara Zetkin a partir de 1920 foi deputada ao Reichstag, representando o Partido Comunista da Alemanha. Em discurso pronunciado em 30 de agosto de 1932 no Reichstag expressou as esperanças e as reivindicações do proletariado alemão. O texto integral desse notável discurso acha-se reproduzido na compilação. Vilma Heggert, esposa de F. Heggert, que se achava presente nessa sessão do Reichstag, escreve nas suas memórias:
— "Não podemos nos esquecer de Clara Zetkin: "Clara Zetkin pronunciou o seu último grande discurso no Reichstag contra o fascismo. Já se achava em idade avançada e quase inteiramente cega. Mas o seu discurso foi tão ardente como o eram nos anos da sua juventude, e na profundeza dos seus olhos quase cegos ainda brilhava o fogo da inspiração. Ao lado de Clara Zetkin se achava alguém com o texto do discurso nas mãos, mas Clara Zetkin não necessitava de discursos escritos. As palavras fluíam dos seus lábios espontaneamente e o seu discurso provocou sobre todos os presentes uma profunda e comovente impressão".
Clara Zetkin afirmou que o único caminho de se evitar guerras imperialistas é o caminho que nos aponta a revolução russa. A Grande Revolução Socialista de Outubro na Rússia demonstrou que os trabalhadores têm forças suficientes para derrotar todos os seus inimigos:
"As manifestações de milhões de trabalhadores, homens e mulheres, na Alemanha, contra a fome, a privação dos seus direitos, e as atrocidades fascistas e as guerras imperialistas constituem uma manifestação da inquebrantável solidariedade dos trabalhadores de todo o mundo. Essa solidariedade internacional deve se transformar numa solidariedade de luta firme e monolítica das massas trabalhadoras em todos os países capitalistas, em solidariedade de luta junto com a vanguarda dos nossos irmãos e irmãs da União Soviética, com os quais devemos nos unir de maneira ainda mais estreita".
A subida dos fascistas ao poder significou a preparação de uma nova guerra mundial. Clara Zetkin, demonstrando uma grande capacidade de análise e previsão, pôs a nu a situação que se criara. Nem a doença, nem a velhice quebravam a sua força de vontade e seu entusiasmo eternamente jovem. No último ano de sua vida escreveu a brochura "A guerra imperialista contra os trabalhadores — os trabalhadores contra as guerras imperialistas". Nessa brochura fez uma profunda análise da situação internacional e conclamou os trabalhadores de todo o mundo a empreenderem, unidos, uma ofensiva contra o fascismo e os incendiários de guerra.
"O cerco internacional e a destruição do Estado soviético pela força armada — tal é o objetivo dos governos burgueses, a que querem chegar custe o que custar".
Clara Zetkin frisava em sua brochura que a União Soviética é a primeira e única potência que defende realmente a paz.
Clara Zetkin apelava para os povos dos países capitalistas no sentido de que não se deixassem enganar pela Liga das Nações e não dessem crédito aos pactos de não agressão concluídos pelos seus governos, uma vez que o objetivo real dos imperialista era atacar a União Soviética:
"O capitalismo mundial pela sua própria natureza não pode se conformar— e particularmente na situação atual — com a circunstância de que o seu poder explorador é objeto da mais tenaz repulsa nas fronteiras de um país de proporções tão colossais como a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas com a sua população de milhões, a diversidade das suas características geofísicas e suas imensas riquezas".
Os social-chauvinistas De Bruker, Jouhaux, Hilferding e outros, sob a máscara de frases hipócritas sobre a defesa da civilização, justificaram as guerras imperialistas por ocasião da conferência do Comitê Executivo da Segunda Internacional realizada em Zurique em maio de 1932. Hilferding afirmou, nessa conferência, que:
"a queda do imperialismo nipônico constituirá um grande golpe contra a social-democracía".
Zetkin conclamava os trabalhadores a assimilarem as lições da história e a se manifestarem, em frente única, contra os fomentadores de guerra e privá-los de todos os meios e possibilidades para a realização de suas criminosas intenções.
"A luta contra a guerra imperialista diz respeito a todos nós, pois trata-se da luta pela grande causa de nossa libertação. Essa luta somente poderá conquistar a vitória numa frente única de aço, nacional e internacional, de todos os trabalhadores" — declarou Clara Zetkin.
Os autores frisam, em prefácio aos trechos da brochura de Clara Zetkin "As "guerras imperialistas contra os trabalhadores — os trabalhadores contra as guerras imperialistas", que a União Soviética se tornou o único pais que incondicionalmente defendia e continua a defender, na sua política interna e externa, os interesses dos trabalhadores e o fortalecimento da paz.
O último artigo da compilação é constituído de recordações da presidente da União das Mulheres Democráticas da Alemanha, Elli Schmidt, sobre a morte de Clara Zetkin. Morreu em Arkangel, Moscou, em 20 de junho de 1933, aos 76 anos de idade. Em 22 de junho realizaram-se os seus funerais na Praça Vermelha em Moscou. Os camaradas Stálin, Molotov, Voroshilov e Ordjonikdzie transportaram a urna com as cinzas de Clara Zetkin da Casa dos Sindicatos para a Praça Vermelha. A urna foi colocada em um nicho cavado numa das paredes do Kremlin perto do mausoléu de Lênin.
"Eu me encontrava na Praça Vermelha, — escreve E. Schmidt — profundamente comovida pela grandeza dessa mulher, em culto à cuja memória se demonstrava tanto amor, respeito e dedicação".
Não podemos deixar de manifestar a nossa satisfação em face da iniciativa de se publicar, na República Democrática Alemã, materiais sobre a vida e a atividade de Clara Zetkin. Toda a vida de Clara Zetkin é um exemplo brilhante para as massas trabalhadoras da Alemanha. O nome de Clara Zetkin se tornou, para os povos de todo o mundo, um símbolo de luta revolucionária contra o regime capitalista e contra as guerras imperialistas, um símbolo de mobilização do proletariado internacional em defesa da U.R.S.S. e da construção socialista. Acham-se refletidas, materiais da compilação, a vida e a luta dessa notável filha do povo alemão, mostra-se aí a sua estreita ligação com o movimento revolucionário russo e citam-se preciosos trechos de suas obras. Despertam vivo interesse e estão descritas com grande calor as recordações dos membros da União Democrática das Mulheres Alemães que conheceram pessoalmente Clara Zetkin.
Há, porém, no livro erros e omissões. A sua maior falha é representada pela ausência das declarações de Lênin sobre Clara Zetkin e pela ausência de materiais publicados pela imprensa soviética. Não se utilizou um documento tão precioso como o é a saudação feita a Clara Zetkin pelo Comitê Central do P. C. (b) da U.R.S.S. no dia da comemoração do seu 75.° aniversário. Julgamos indispensável reproduzir aqui o texto dessa homenagem:
"O Comitê Central do Partido Comunista (b) da U.R.S.S., à camarada Clara Zetkin.
O Comitê Central do Partido Comunista (b) da U.R.S.S., envia uma calorosa saudação bolchevique, no dia do seu 75.° aniversário, a uma veterana do movimento operário internacional, intrépida porta-voz da revolução proletária, à mais antiga dirigente da Internacional Comunista, à amiga e companheira das massas trabalhadoras da U.R.S.S. e à lutadora pela libertação da mulher trabalhadora. Companheira de armas de Engels, lutastes incansavelmente contra o oportunismo na Segunda Internacional e com toda a força da vossa grande inteligência e de vossa paixão revolucionária vós vos erguestes contra as opiniões de Bernstein, contra o revisionismo. Nos dias em que deflagrou a guerra mundial, quando os chefes da Segunda Internacional se deixaram vergonhosamente atrelar ao carro do imperialismo, vós, na companhia de Lênin, na companhia de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, levantastes bem alto a bandeira do internacionalismo proletário. Estivestes conosco também nos dias de Outubro e nos dias da guerra civil quando a contra-revolução mundial tentava sufocar o primeiro Estado Proletário do Mundo. Abnegada amiga da U.R.S.S., encontrai-vos sempre no posto de combate quando o inimigo ameaça o país dos Soviets. O Comitê Central do Partido Comunista (b) da U.R.S.S. manifesta os seus votos de felicidade e a firme certeza de que lutareis, ainda por muitos anos, nas primeiras fileiras da Internacional Comunista.
C. C. do P. C. (b) da U.R.S."(5)
Aos dirigentes da República Democrática Alemã, cabe uma tarefa honrosa — coligir todo o material existente sobre a vida e a luta de Clara Zetkin. Não podemos deixar de manifestar os nossos votos no sentido de que essa primeira e feliz iniciativa seja completada por uma nova edição com o aproveitamento dos materiais elaborados por Lênin e outros de fonte soviética. A obra que temos diante de nós, porém, mesmo na forma em que se acha, será de grande utilidade e merece ser lida por todos.
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Notas:
(1) N. K. Krupskaia. Clara Zetkin, pág. 5, edição russa, 1933, Moscou. (retornar ao texto)
(2) K. Marx e F. Engels — Obras, tomo XXVIII, página 114, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(3) V. I. Lenin – Obras, tomo XXVII, pág. 486, 4ª ed. russa, Moscou. (retornar ao texto)
(4) "Pravda", 24-1-1924, Moscou. (retornar ao texto)
(5) "Pravda", de 5 de julho de 1932, Moscou. (retornar ao texto)

quarta-feira, 10 de março de 2010

HAITI, la verdad- Fernando Martinez Heredia Cubarte

Haití y la verdadFernando Martínez HerediaCubarte

Víctimas de un terremoto, los haitianos han muerto en masa. En la década que terminará en diciembre, esta tragedia me parece comparable a la muerte en masa de indonesios y asiáticos por un tsunami, a finales de 2004. Unos y otros han muerto en masa por los cataclismos, pero sobre todo porque sus sociedades no cuentan con medios ni sistemas para defender mejor la vida de la gente. Por otra parte, desde 2003 las fuerzas armadas de Estados Unidos han producido una muerte en masa de civiles no combatientes en Iraq que es mucho mayor que la suma de víctimas causadas por ambos desastres naturales. La verdad es que recibir la muerte en masa es uno de los pocos privilegios que le van quedando al que llamaban Tercer Mundo cuando las ideologías dividieron en dos al mundo regido por el capitalismo.
La palabra "humanitario/ a" se instaló y se ha repetido hasta el cansancio en los medios de comunicación y en la prosa oficial. "Ayudas" de los poderosos a los mismos que han despojado históricamente de casi todo, bombardeos contra bodas y hospitales, agresiones a países e intervenciones armadas, han portado el apellido "humanitario/ a". Ellos no han tenido una reacción humanitaria -o al menos humana- frente a la catástrofe de Haití. Con abismal tacañería y total impunidad se ha hablado de rebajarle el monto de sus deudas internacionales, se ha prometido darle algo, y ya se está dejando de hablar del tema. La verdad es que "humanitario/ a" es una de las expresiones más infames de la lengua prostituida y al servicio de la dominación más sucia, que hoy predomina en el sistema totalitario de información y formación de opinión pública que llamamos medios de comunicación, y se repite hasta el cansancio por los cómplices y por los tontos.
Miles de soldados estadounidenses han ocupado militarmente los puntos de Haití que han estimado conveniente, a partir del terremoto. Comentaron que era para combatir estallidos de violencia que no ha habido, pero no se han ido. No le dieron explicación a nadie, ni ellos ni esa sombra internacional llamada Naciones Unidas. En esto también va mal la década que termina. Cuando invadieron Afganistán, hubo una explicación; era mentira, pero la dieron. Cuando invadieron Iraq hicieron una gigantesca campaña de mentiras para justificarlo, pero la hicieron. La verdad es que la soberanía nacional de la mayoría de los Estados no es respetada por los imperialistas, y ha regresado la antigua práctica de hacer ocupaciones militares permanentes de países independientes. La verdad es que se ha perdido gran parte de lo avanzado por el mundo que fue colonizado, saqueado, explotado y avasallado en nombre de la civilización y el progreso, para que el capitalismo se volviera imperialismo y lograra ser la fuerza predominante en el planeta. Avances conquistados sobre todo mediante los sacrificios y los heroísmos de millones de personas, que forjaron sus países y sus regímenes sociales a través de revoluciones. Haití fue el primer país que conquistó su independencia en este continente que desde hace siglo y medio se dio en llamar América Latina.
En Asia, África y América Latina y el Caribe, los imperialistas se están apoderando -por todos los medios que estiman necesarios y sin mayor recato- de aquellos recursos naturales que han decidido explotar para servirse de ellos, o que han resuelto poseer como reservas para cuando convenga explotarlos a sus negocios y su estrategia. La verdad es que está en curso un proceso de recolonización selectiva de países a escala mundial, que va liquidando incluso el neocolonialismo, aquella forma de dominación de Estados independientes que se volvió determinante después de 1945, y que evidenciaba la madurez del sistema capitalista. Haití posee reservas minerales sumamente valiosas; lo más probable es que le toque en la estrategia imperialista servir como reserva, por ahora.
Poco antes de la famosa y muy publicitada crisis financiera de 2008 se habló de una crisis alimentaria -en realidad, a lo largo del planeta siguen reinando el hambre y la desnutrición, su hermana menor-, de la que se ofrecieron explicaciones sometidas a una lógica de la ganancia, los precios, la producción y el mercado gobernados por el capitalismo. Después, en este mundo lleno de imágenes, nos forzaron a consumir varios miles de horas con el tema de la salvación de la sagrada institución de los bancos, ejecutada por los Estados. De la crisis alimentaria hubo pocas imágenes, aunque siempre hay: esa es una función de naturalización de las iniquidades, dándoles su pequeño momento público. Así se nutre la creencia en que "todo" aparece en las imágenes, y lo que no aparece es porque no sucedió. Recuerdo una de esas pocas, la de un reparto de alimentos a una multitud de hambrientos desesperados en Haití. Soldados bien armados custodiaban a los repartidores, y una niñita quedaba enredada en una alambrada militar mientras luchaba por alcanzar algo. La verdad es que la idea de desarrollo, que tuvo su apogeo hace casi medio siglo, ha sido abandonada y olvidada, y es sustituida por la filantropía. Esta virtud cardinal laica burguesa -que de paso propicia exención de impuestos- se une a las donaciones que negocian los Estados y las grandes empresas, y que reparten prósperos administradores. Constituyen el mundo contemporáneo de la limosna, y son un ridículo fragmento de lo que se les ha robado y se les sigue robando a sus destinatarios.
Sin que sea posible evitarlo, este año se ha bautizado como el del bicentenario del inicio de las luchas por la independencia de nuestra América. La verdad es que el bicentenario sucedió en 1991. Doscientos años antes, en Sainte Domingue, la más rica colonia de Francia, comenzó la insurrección popular contra la esclavitud y el colonialismo, y estalló una gran revolución, la primera de este continente. La gente de abajo peleó con una abnegación y un heroísmo ejemplares, derrotó a los franceses, los españoles y los ingleses, y finalmente venció al ejército de Napoleón -el triunfador en Europa-, en la batalla de Vertieres, que no se estudia en las escuelas de nuestro continente. Los revolucionarios aprendieron a considerarse personas completas, a sentir y ejercer la libertad, a procurarse la justicia por sí mismos, a organizarse en ejército y fundar un país, al que nombraron Haití, a constituir una república y dotarse de una Constitución superior a la de los Estados Unidos, que establecía que todas las personas nacen y son libres, y no pueden ser esclavizadas. En vez de celebrar el bicentenario en 1991, reparación histórica que merecía Haití -ya que nunca recibirá la reparación económica a la que tiene derecho por el saqueo mediante el tributo a que fue sometida después de su independencia- , los latinoamericanos nos debatíamos entonces con el engendro del 500 aniversario del "descubrimiento" , o del "encuentro de las culturas" -que es casi lo mismo-, y ganaba terreno la idea espuria de que somos iberoamericanos.
La verdad es que Haití nos viene mostrando desde hace mucho tiempo el precio tan alto que está pagando la humanidad por el dominio del imperialismo estadounidense a escala mundial, por el carácter parasitario, hipercentralizador, excluyente y depredador del medio que está en la naturaleza misma del capitalismo actual, al mismo tiempo que por el retroceso general de las luchas de clases y de liberación nacional. Los descarados que le regatean a Haití la reducción de sus deudas le impusieron la liberalización del comercio que acabó con su producción doméstica de alimentos, obligándolo a gastar la mayoría de sus ingresos en importarlos y llenando las ciudades de menesterosos. En 1802, bajo el régimen de Toussaint, los haitianos produjeron dos tercios del azúcar que producía la colonia; dos siglos después, Haití está obligada a vivir de las remesas que envía la multitud de sus hijos emigrados. Tres de cada cuatro haitianos logran menos de dos dólares diarios para sobrevivir, y la infraestructura urbana es muy escasa o inexistente. Su soberanía nacional ha sido conculcada por la sangrienta ocupación militar estadounidense de 1915-1934 y por el control o la influencia decisiva sobre sus gobiernos a lo largo del siglo y el dominio neocolonial sobre el país. Otra vez Estados Unidos invadió y ocupó Haití en 1994-1996. Después del golpe de estado de 2004, la ONU desplegó allí una fuerza de ocupación militar permanente que no ha ayudado en nada respecto a los gravísimos problemas sociales del país, pero ha cometido crímenes y violaciones contra la población haitiana.
De la época de las cañoneras a la del "poder inteligente" han transcurrido cien años y han cambiado muchas cosas. Pero la verdad es que el recurso a la agresión y la intervención, el uso de la fuerza sin respeto alguno al derecho, son una constante en la política de los Estados Unidos hacia nuestro continente.
El 12 de enero, varios cientos de profesionales de la salud cubanos trabajaban en todo Haití, en labores gratuitas que se ejercen desde 1998 y se extienden a otras áreas de la vida del país. En la Escuela Latinoamericana de Medicina de Cuba, también gratuita, se han graduado ya 543 haitianos y estudian otros seiscientos. Ante el sismo, los cubanos proveyeron la primera atención médica. Todos conocen la entrega incansable de ellos y los que han ido llegando. Casi mil -entre ellos 380 haitianos formados en Cuba- forman hoy el ejército cubano para la vida que trabaja en Haití. Ya logran una atención integral a los pacientes -más de 50.000- y una atención de salud a la población que está creciendo. Cuba ejerce una solidaridad real con su vecino más cercano, una relación entre seres humanos, eficaz, fraternal y respetuosa del gran pueblo que la recibe.
La verdad es que Cuba puede ser solidaria con Haití porque mantiene su revolución socialista, ha formado un pueblo que tiene capacidades extraordinarias y no se deja ganar por el egoísmo y el afán de lucro, posee un nivel de conciencia política realmente admirable y tiene una organización social y estatal muy fuerte. La tarde del 12 de enero, 30.000 personas se trasladaron a lugares altos en menos de una hora en Baracoa, en perfecto orden, en previsión de un posible tsunami. El sistema de defensa civil contra desastres de Cuba es uno de los mejores del mundo, por lo que su población se defiende con éxito de los cataclismos, hoy agravados por los cambios climáticos. El gobierno ha movilizado todo lo que ha estado a su alcance a favor del pueblo haitiano y de una reconstrucción que lo fortalezca realmente, y la sociedad, que participa decisivamente con los esfuerzos de sus hijos, se mantiene al tanto, conmovida, de lo que sucede en Haití.
El ALBA, que también estaba aportando a la salud, la educación y otros sectores de infraestructura y producción en Haití antes del terremoto, respondió con rapidez y eficiencia ante la tragedia, y unió sus recursos al esfuerzo de los cubanos y haitianos por ampliar y sistematizar los servicios de salud. La reunión de su Consejo Político en Caracas, el 24/25 de enero, acordó proponer a Haití un plan más ambicioso en ese campo, y extender las acciones a los niños, el sistema escolar y los alimentos. La Declaración del ALBA es precisa: los esfuerzos de reconstrucción "deberán tener al pueblo y al Gobierno de Haití como principales protagonistas, respetando los principios de soberanía e integridad territorial" .
La verdad que nos hace palpable Haití es que sólo son respetados y salen adelante los pueblos que hacen revoluciones, logran liberarse, cambiarse a sí mismos y constituir poderes populares muy fuertes, para ser capaces de vencer a sus enemigos y de realizar tareas casi imposibles, para ser sociedades viables que repartan entre todos el bienestar y la dignidad. Que del sistema capitalista no se puede esperar otra cosa que explotación, opresión, despojo, agresión, mezquindad y desprecio. Que el imperialismo norteamericano es el campeón mundial en todas esas prácticas. Que sólo la solidaridad internacionalista -como la que brindó Haití a Bolívar hace dos siglos- les dará fuerzas suficientes a los pueblos de nuestra América para defenderse con éxito y para cambiar el mundo y la vida a favor de las mayorías. Que tenemos por delante un prolongado camino de combates y arduos trabajos, y sólo la unión de los oprimidos y los poderes populares, y las alianzas entre los que estén dispuestos a conquistar la segunda independencia, nos dará la victoria.
Gracias, pueblo hermano de Haití. Igual que ayer nos mostraste la vía hacia la libertad y la justicia, hoy nos aclaras, con tus entrañas destrozadas pero tu dignidad incólume, las verdades fundamentales que debemos aprender y practicar.

terça-feira, 9 de março de 2010

STALIN ENVIADO POR LENINE PARA CORRIGIR OS ERROS DE TROTSKI Á FRENTE DO EXÉRCITO VERMELHO

Relatório a V. I. Lênin
J. V. Stálin
19 de Janeiro de 1919

Primeira Edição: em 1942, na "Lêniski Sbórnik" (Coletânea de Lênin), XXXIV.Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.Tradução: Editorial Vitória Transcrição: Partido Comunista RevolucionárioHTML: Fernando A. S. Araújo, setembro 2006.Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

Ao camarada Lênin.
Recebemos seu telegrama cifrado. Já lhe referimos os motivos da catástrofe, apurados como resultado do inquérito[N54]: o exército, formado por destacamentos cansados, destituído de reservas e de um comando firme, ameaçado de flanqueamento e, além disso, sob a ameaça de ser envolvido pelo norte, não podia manter-se, desde que submetido a uma séria pressão das forças frescas e superiores do inimigo. A nosso ver, não está em causa apenas a fraqueza dos órgãos do III exército e da retaguarda imediata, mas também:
1.°) — O Estado-Maior central e os comandos militares distritais, que arregimentam e enviam para a frente destacamentos notoriamente inseguros;
2.°) — o Bureau, dos Comissários de Toda a Rússia, que destina aos destacamentos, que se formam na retaguarda, não comissários, mas rapazolas;
3.°) — o Conselho Militar Revolucionário da República, que com as suas chamadas diretivas e as suas ordens desorganiza o comando da frente e do exército. Se os órgãos militares centrais não forem devidamente modificados, não haverá garantia de êxitos nas frentes.
Nossa resposta quanto aos assuntos militares.
1.°) — Os dois regimentos. Renderam-se dois regimentos: o 1.° soviético e o dos marinheiros de Petrogrado. Não praticaram atos hostis a nós. Praticou-os, entretanto, o 10.° Regimento de Cavalaria da 10.a Divisão, estacionado na aldeia de Ilinski e constituído pelo comando militar distrital dos Uruais. Ademais, foi desarticulado o motim do 10.° Regimento de Engenharia, transferido para a fábrica Otchersk e constituído, também, pelo comando militar distrital. O motivo da passagem para o inimigo e desses atos hostis é o espírito contra-revolucionário dos regimentos, devido aos velhos métodos de mobilização e de arregimentação sem a depuração preventiva dos recrutas e à falta de um trabalho político, por mínimo que seja, nos regimentos.
2.°) — Motovilikha. Os maquinismos da fábrica e o equipamento da seção elétrica foram em tempo inventariados desmontados e carregados em vagões, mas não foram transportados, nem destruídos. A responsabilidade recai sobre o Colégio Central[N55], sobre o comandante das comunicações militares sobre o Conselho Militar Revolucionário do exército, que deram prova de uma inaudita imperícia. Cinco sextos dos operários da Motovilikha ficaram em Perm, onde permaneceu também todo o pessoal técnico da fábrica com a matéria-prima. Segundo todos os dados, a fábrica pode iniciar o trabalho dentro de um mês e meio. Os rumores em torno da revolta dos operários da Motovilikha às vésperas da queda de Perm não são confirmados; houve apenas uma acentuada fermentação por motivo da desordem no aprovisionamento.
3.°) — A destruição da ponte e das instalações importantes. A ponte e o resto não foram pelos ares devido à incapacidade do Conselho Militar Revolucionário do exército e à falta de ligação entre as unidades em retirada e o Estado-Maior do exército. Segundo uma versão, o camarada encarregado de fazer a ponte voar, não pôde realizar sua tarefa, por ter sido morto pelos guardas brancos poucos minutos antes de se dar a explosão. A veracidade dessa versão até agora ainda não pôde ser confirmada, em vista da fuga do piquete de guarda na ponte e da partida "para destino ignorado" de um considerável número de funcionários "soviéticos".
4.°) — As reservas de Perm. A reserva era constituída de um "regimento soviético" débil e inseguro, que, na primeira ofensiva, na frente, passou para o lado de inimigo. Não havia outras reservas.
5.°) — Perdas de materiais e de homens. Por ora não é possível apresentar um quadro completo das perdas, porque muitos documentos extraviaram-se e diversos especialistas "soviéticos" que se ocupavam do assunto passaram-se para o inimigo.
Segundo os dados escassos existentes, perdemos: 297 locomotivas (das quais 86 em mau estado), cerca de 3.000 vagões (provavelmente ainda mais), 900.000 puds de querosene e de gasolina, algumas centenas de milhares de puds de soda cáustica, dois milhões de puds de sal, 5 milhões de rublos em medicamentos, depósitos de materiais de grande valor na oficina da Motovilikha e nas oficinas ferroviárias de Perm, maquinismos e equipamentos da oficina da Motovilikha, máquinas das embarcações da flotilha do Kama, 65 vagões de couros, 150 vagões de víveres da seção de aprovisionamento do exército, um enorme depósito da administração regional dos transportes fluviais, no qual havia fardos de algodão, tecidos, óleos, etc., 10 vagões com soldados feridos, o parque de material rodante das estradas de ferro com grande provisão de rodeiros americanos, 29 canhões, 10.000 projéteis de artilharia, 2.000 fuzis, oito milhões de cartuchos, e, no período de 22 a 29 de dezembro, mais de 8.000 homens entre mortos, feridos e desaparecidos. Ficaram em Perm todos os especialistas ferroviários e quase todos os especialistas de abastecimentos. O balanço das perdas continua.
6.°) — Os atuais efetivos numéricos do exército. O terceiro exército atualmente está formado de duas divisões (a 29ª e a 30ª) com 14.000 infantes, 3.000 cavalarianos, 323 metralhadoras, 78 canhões. As reservas são constituídas de uma brigada da 7.ª divisão enviada da Rússia, que ainda não foi utilizada devido à sua pouca segurança e à necessidade de se fazer nela uma cuidadosa depuração. Os três regimentos prometidos por Vatsétis ainda não chegaram (e não chegarão, pois ontem, ao que parece, receberam nova ordem, a de se dirigirem para Narva)[N56]. As unidades em operações encontram-se fatigadas, esgotadas, mantendo-se em linha de combate com dificuldade.
7.°) — Métodos de comando no III exército. Aparentemente, o método de comando no exército é o habitual, "segundo o regulamento"; na realidade, falta-lhe qualquer método, encontra-se numa completa desorganização, não há ligação com as zonas de operação, as divisões são de fato autônomas.
8.°) — São suficientes as medidas tomadas para conter a retirada? Dentre as medidas tomadas, podem ser consideradas medidas sérias: 1.°) — o deslocamento do II exército na direção de Kungur, que sem dúvida trará um grande apoio ao III exército, e 2.°) — o envio à frente, graças aos esforços de Stálin e de Dzerjinski, de 900 soldados repousados, de toda a confiança, com a tarefa de pôr fim à situação de desmoralização do III exército. Dentro de dois dias, enviaremos à frente dois esquadrões de cavalaria e o 62.° Regimento da 3.ª Brigada (já selecionado). Dentro de dez dias, seguirá para a frente mais um regimento. As tropas do III exército que sustentam a frente foram informadas a respeito e percebem que na retaguarda há interesse por sua situação, e seu moral se reergue. Não há dúvida de que a situação atual é melhor que a de duas semanas atrás. Em alguns pontos, o exército passa diretamente ao ataque, sem vacilações, e não sem êxito. Se o inimigo ainda nos conceder duas semanas de folga, isto é, se não fizer afluirem à frente novas forças descansadas, pode-se esperar que no setor do III exército a situação se tornará estável.
Agora estamos liquidando a tentativa de envolvimento pelo norte, feita por algumas unidades inimigas que ameaçam Viatka, ao longo da auto-estrada que passa por Káigorod. Viemos a Viatka, além do mais, para enviar a Káigorod um destacamento de esquiadores, o que faremos. No que se refere a outras medidas (para o fortalecimento da retaguarda), mobilizaremos os militantes, quer simples quer qualificados, mandaremos esses homens para as unidades do exército na retaguarda, depuraremos os Soviets de Deputados de Glázov e de Viatka. Mas, para que esse trabalho dê seus resultados, necessitamos, naturalmente, de tempo.
São todas essas as providências tomadas. De modo nenhum podem ser consideradas suficientes, pois os esgotados destacamentos do III exército não podem resistir por muito tempo se não forem ao menos parcialmente substituídos. É, portanto, necessário enviar para aqui pelo menos dois regimentos. Só assim poderá ser garantida a solidez da frente. Além disso, é necessário:
1.°) —mudar o comando do exército;
2.°)—enviar três dirigentes políticos capazes;
3.°) — dissolver o mais depressa possível o comitê e o soviet regionais, etc., a fim de acelerar a mobilização dos funcionários evacuados.
Stálin e Dzerjinski.Viatka, 19 de janeiro de 1919.
P. S. — Dentro de alguns dias, voltaremos a Glázov para levar a cabo o inquérito.
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Notas de fim de tomo:
[N54] Em 13 de janeiro de 1919, Stálin e Dzerjinski enviaram a Lênin e ao C.C. do Partido um Breve relatório preliminar, no qual eram expostos os resultados do inquérito sobre as causas da catástrofe de Perm, e eram comunicadas as medidas projetadas para restabelecer favoravelmente a situação no setor do III exército e para permitir que este passasse à ofensiva. Em 14 de janeiro, Lênin respondeu ao relatório com o seguinte telegrama:“Glázov ou localidade em que se encontram Stálin e Dzerjinski.Recebi e li o primeiro despacho cifrado. Peço-vos encarecidamente dirigir em pessoa no local a execução das medidas projetadas, porque de outro modo não existem garantias de êxito — Lênin" (retornar ao texto)
[N55] Colégio Central era o órgão local comissão nacional para a evacuação. (retornar ao texto)
[N56] Trata-se dos regimentos que o comandante-chefe devia enviar ao III exército a pedido de Stálin e de Dzerjinski. O relatório ao Conselho Militar Revolucionário da República era acompanhado de uma nota de Lênin: "... Em minha opinião é o cúmulo da vergonha que Vatsétis tenha enviado três regimentos a Narva. Anulai ess ordem!" (vide Lêninski sbórnik [Coletânea de Lênin], XXXIV, pág. 90). (retornar ao texto)

STALIN ENVIADO POR LENINE PARA CORRIGIR OS ERROS DE TROTSKI Á FRENTE DO III EXÉRCITO

Carta a Lênin, da Frente Oriental[N53]
J. V. Stálin
5 de Janeiro de 1919

Primeira Edição: "Pravda" ("A Verdade"), n.° 301, 21 de dezembro de 1929.Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.Tradução: Editorial Vitória Transcrição: Partido Comunista RevolucionárioHTML: Fernando A. S. Araújo, setembro 2006.Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.


Ao camarada Lênin,
Presidente do Conselho de Defesa.
O inquérito começou; sobre seu andamento informaremos de quando em quando. Por ora, julgamos necessário comunicar-vos sem demora apenas o miserável estado em que se encontra o III exército. Do III exército (mais de 30.000 homens) ficaram apenas cerca de 11.000 soldados debilitados, exaustos, que com muito sacrifício resistem aos ataques do inimigo. As unidades mandadas pelo comandante-geral não são seguras, em parte são mesmo hostis a nós e devem ser cuidadosamente selecionadas. Para salvar os restos do III exército e evitar um rápido avanço do inimigo até Viatka (segundo os dados que o comando da frente e do III exército tem em seu poder, este perigo é sem dúvida alguma real), torna-se absolutamente necessário transferir com urgência da Rússia e colocar à disposição do comando do exército ao menos três regimentos absolutamente fiéis. Pedimos fazer pressão urgentemente nesse sentido sobre os organismos militares competentes. Repetimos: sem essas providências, desenha-se para Viatka a mesma sorte de Perm: tal é a opinião dos camaradas que se ocupam deste assunto, opinião à qual nos associamos, baseando-nos em dados de que dispomos.
StálinF. Dzerjinski.Viatka, 5 de janeiro de 1919, às 20 horas.

Início da página
Notas de fim de tomo:
[N53] A 30 de outubro de 1918, em vista da situação catastrófica verificada na frente oriental e de maneira particular no setor do III exército, o C.C. do P.C.(b) da Rússia por proposta de Lênin tomou a decisão de enviar Stálin àquela frente. Em 1.º de janeiro de 1919 foi constituída uma comissão do C.C. do Partido e do Conselho de Defesa, de que faziam parte Stálin e Dzerjinski, para instaurar um inquérito sobre as causas da queda de Perm e da derrota, e tomar as providências necessárias para reforçar o trabalho partidário e soviético no setor mantido pelo III e pelo II exércitos. A 3 de janeiro de 1919, Stálin e Dzerjinski partiram em direção à frente oriental onde conseguiram pôr novamente o III exército em condições de combater, bem como consolidar a frente e a retaguarda. Graças a esse trabalho, em fins de janeiro de 1919 houve uma virada decisiva na frente oriental. (retornar ao texto)

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA SOVIÉTICA- J.STALIN

Teses Gerais Sobre a Constituição da República Socialista Federativa Soviética da Rússia(Projeto aprovado pela Comissão do Comitê Executivo Central de Toda a Rússia para a elaboração da Constituição da República Soviética[N15]
J. V. Stálin
25 de Abril de 1918

Primeira Edição: "Izvéstia" ("As Notícias"), n.° 82, 25 de abril de 1918.Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.Tradução: Editorial Vitória Transcrição: Partido Comunista RevolucionárioHTML: Fernando A. S. Araújo, setembro 2006.Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

A tarefa fundamental da Constituição da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, prevista para o atual momento de transição, consiste em instaurar a ditadura do proletariado das cidades e do campo e dos camponeses pobres, representada por um forte Poder Soviético de toda a Rússia, com o objetivo de esmagar completamente a burguesia, de destruir a exploração do homem pelo homem e de instaurar o regime socialista no qual não haverá divisões em classes, nem poder estatal.
1.°) — A República da Rússia é uma livre sociedade socialista de todos os trabalhadores da Rússia, unidos nos soviets dos deputados das cidades e do campo.
2.°) — Os soviets dos deputados das regiões que se distingam por costumes particulares e composição étnica se agrupam em uniões regionais autônomas, em cujas direções se encontram os congressos regionais dos soviets dos deputados e os seus órgãos executivos.
3.°) — As uniões regionais soviéticas se agrupam, segundo os princípios federativos, na República Sócialista da Rússia, a cuja frente se encontra o Congresso dos Soviets dos Deputados de Toda a Rússia e, no intervalo entre um Congresso e outro, o Comitê Executivo Central de Toda a Rússia.
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Notas de fim de tomo:
[N15] A Comissão do Comitê Executivo Central para a elaboração do projeto de Constituição da R.S.F.S.R. foi constituída em 1º de abril de 1918. A Comissão, dirigida por Stálin e Svérdlov, tomou como base dos seus trabalhos a "Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado" e a resolução Sobre as Instituições federativas da República da Rússia, aprovada no III Congresso dos Soviets após um informe de Stálin. O projeto de Stálin, Teses gerais sobre a constituição da R. S. F. S. R., foi discutido e aceito na reunião de 19 de abril. (retornar ao texto)

UMA DAS TAREFAS NA ORDEM DO DIA- STALIN

Uma das Tarefas na Ordem do Dia
J. V. Stálin

6 de Abril de 1918
Primeira Edição: "Pravda" ("A Verdade"), n.° 6 de abril de 1918.Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 –

Os últimos dois meses de desenvolvimento da revolução na Rússia, especialmente desde quando foi concluída a paz com a Alemanha e sufocada a contra-revolução burguesa no interior, podem ser definidos como o período da consolidação do Poder Soviético na Rússia e o início da reorganização sistemática do superado regime econômico-social, segundo um novo plano socialista. A nacionalização das fábricas e oficinas, que se estende com ritmo crescente, o acentuado controle sobre os principais ramos do comércio, a nacionalização dos bancos, a atividade do Conselho Supremo da Economia Nacional, núcleo organizativo da sociedade socialista já agora vizinha, atividade rica de formas e que se desenvolve dia a dia, tudo isso indica como o Poder Soviético penetra profundamente nos poros da vida social. Na zona central o Poder, saído do seio das massas trabalhadoras, já se tornou efetivamente popular. Nisto consiste a força e o poderio do Poder Soviético. Isto é sentido evidentemente até mesmo por aqueles intelectuais burgueses, antes inimigos do Poder Soviético, técnicos, engenheiros, empregados e, de um modo geral, pessoas dotadas de conhecimentos especiais, que até a véspera sabotavam o governo e hoje estão prontas a servi-lo.
Mas nas regiões periféricas, habitadas por elementos atrasados do ponto de vista cultural, o Poder Soviético ainda não conseguiu tornar-se tão popular. A revolução, iniciada na zona central, estendeu-se às regiões periféricas e especialmente às orientais, com um certo retardamento. Os usos e línguas dessas regiões, que se distinguem entre outras coisas por seu atraso econômico, de certo modo complicaram o processo de consolidação do Poder Soviético. Para se fazer com que nessas regiões o Poder se torne popular e as massas trabalhadoras se tornem socialistas, são necessários, entre outras coisas, métodos especiais para atrair as massas trabalhadoras e exploradas ao processo revolucionário. É necessário elevar as massas até o Poder Soviético e fundir com este os seus melhores representantes. Mas isso não é possível sem a autonomia de tais regiões, isto é, sem a organização de uma escola local, de um tribunal local, de uma administração local, de órgãos de governo locais, de instituições políticas, sociais e culturais locais, garantindo o pleno direito de usufruir a língua local, que é a língua materna para as massas trabalhadoras do país, em todas as esferas do trabalho político e social.
Tendo justamente em conta esses elementos, o III Congresso dos Soviets decidiu adotar um regime federativo para a República Soviética da Rússia.
Os grupos autônomos burgueses, surgidos em novembro e dezembro do ano passado nas regiões periféricas dos tártaros do Volga, dos bachkírios, dos quirguizes, do Turquestão, desmascaram-se gradualmente no curso da revolução. Para arrancar deles definitivamente "suas massas" e para ligar estas últimas em torno do Poder Soviético é preciso "tirar" sua autonomia, transformá-la de burguesa em soviética, depois de havê-la depurado da podridão burguesa. Os grupos nacionalistas burgueses reivindicam a autonomia para transformá-la em instrumento de opressão de "suas" massas. Justamente por isso, "depois de haverem reconhecido o Poder Soviético central", negam-se a reconhecer até os soviets locais, pretendendo que não se intervenha em seus "assuntos internos". Alguns soviets locais resolveram então repelir completamente qualquer autonomia, preferindo "resolver" a questão nacional por meio das armas. O Poder Soviético, entretanto, absolutamente não pode servir-se desse meio, o qual só consegue ligar as massas em torno das camadas nacionalistas burguesas superiores e fazê-las aparecer como as salvadoras da "pátria", as defensoras da "nação", o que não entra de maneira alguma nos cálculos do Poder Soviético. Não a negação da autonomia, mas o seu reconhecimento, constitui uma tarefa urgente do Poder Soviético. Apenas é preciso basear essa autonomia nos soviets locais. Só assim o Poder Soviético poderá tornar-se popular e familiar para as massas. É então necessário que a autonomia assegure o Poder não às camadas superiores de uma determinada nação, mas às inferiores. Aqui está o nó da questão.
Exatamente por isso o Poder Soviético proclama a autonomia do território tártaro-bachkírio. Com essas perspectivas se projeta a proclamação da autonomia do território quirguiz, da região do Turquestão, etc. Tudo isso na base do reconhecimento, imediatamente, dos soviets dos territórios, dos distritos e das cidades dessas regiões periféricas.
É preciso recolher materiais e dados de todo o gênero, necessários à determinação do caráter e da forma de autonomia desses territórios. É preciso criar comissões para a convocação dos congressos constituintes dos soviets e dos órgãos soviéticos dos vários povos, congressos que devem traçar os limites geográficos dessas autonomias. É preciso convocar esses congressos. A necessária preparação deve ser imediatamente feita, para permitir ao futuro Congresso dos Soviets de Toda a Rússia elaborar a Constituição da Federação Soviética da Rússia.
Os soviets do território tártaro-bachkírio e os comissariados muçulmanos anexos já puseram mãos à obra. No período de 10 a 15 de abril, estão convocados para irem a Moscou os representantes dos soviets e dos comissariados muçulmanos de Kazan, Ufá, Orenburg,. Iekaterinburg, para uma reunião na qual será constituída a comissão que deverá convocar o congresso constituinte dos soviets da Tártaro-Bachkíria.
Na região quirguiz e no Turquestão o trabalho realizado com esses entendimentos está apenas em início. É preciso que os soviets dessas regiões imediatamente ponham mãos à obra, fazendo participar no trabalho todos os elementos soviéticos e revolucionários de seus povos. Não se deve admitir nenhuma divisão em colégios eleitorais nacionais com representação das "minorias" e das "maiorias" nacionais, como propõem alguns grupos nacionalistas burgueses[N14]. Uma tal divisão não faz senão aguçar a hostilidade entre os povos, fortalecer as barreiras existentes entre as massas trabalhadoras das várias" nacionalidades e barrar aos povos atrasados o caminho que leva à luz e à cultura. Não é o fracionamento das massas trabalhadoras e democráticas das várias nacionalidades em simples destacamentos que deverá servir de base às eleições dos congressos constituintes e de fundamento à autonomia, mas o seu agrupamento em torno das respectivas associações soviéticas.
Portanto, coleta de materiais referentes à questão da autonomia das regiões periféricas, constituição de comissariados nacionais socialistas junto aos soviets, organização de comissões para a convocação dos congressos constituintes soviéticos das regiões autônomas, convocação desses congressos, aproximação das camadas trabalhadoras do povo que exerçam o direito de autodeterminação aos órgãos do Poder Soviético nas regiões: tudo isso é tarefa dos soviets.
O Comissariado do Povo para os Negócios das Nacionalidades tomará todas as medidas necessárias para facilitar esse trabalho difícil é de grande responsabilidade que os soviets locais devem realizar.
O Comissário do PovoJ. Stálin.
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Notas de fim de tomo:
[N14] Esses grupos propunham dividir os eleitores na base da nacionalidade, e não na do território. Cúria corresponde a colégio eleitoral. (retornar ao texto)

LENINE e a Paz com os Alemães em 1917( artigo de STALIN

Intervenção na Reunião do Comitê Central do POSDR(b) Sobre a Questão da Paz com os Alemães (Breve nota extraída da ata)J. V. Stálin11 de Janeiro de 1918Primeira Edição: No volume "Atas do Comitê Central do POSDR, agosto de 1917 - fevereiro 1918, Moscou - Leningrado, 1929.Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 –

O camarada Stálin entende que adotando a palavra de ordem da guerra revolucionária faremos o jogo do imperialismo. A posição de Trotski não pode nem sequer ser chamada de posição. Não há no Ocidente um movimento revolucionário, não há fatos que provem a existência de tal movimento revolucionário; ele existe apenas em estado potencial, mas nós, em nossa atuação, não podemos confiar só nisso. Se os alemães começarem a ofensiva, isto conduzirá a um fortalecimento da contra-revolução em nosso país. A Alemanha está em condições de atacar, pois tem suas tropas kornilovistas, a "guarda". Em outubro falamos numa guerra sagrada contra o imperialismo porque então se dissera que a palavra "paz" seria suficiente para fazer rebentar a revolução no Ocidente. Isto não aconteceu. O fato de que entre nós se estejam realizando reformas socialistas põe em agitação o Ocidente, mas para pô-las em prática necessitamos de tempo. Se aceitássemos a política de Trotski criaríamos péssimas condições para o movimento revolucionário no Ocidente. Por isso o camarada Stálin propõe que se aceite a proposta do camarada Lênin de conclusão da paz com os alemães.

Entrevista de Stalin sobre a República Federativa Russa

A Organização da República Federativa da Rússia(Entrevista com um correspondente da "Pravda")
J. V. Stálin
4 de Abril de 1918
.Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.Tradução: Editorial Vitória
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Em conseqüência da discussão surgida nestes últimos dias, nas colunas da imprensa soviética, acerca dos princípios e modalidades da edificação da Federação Russa, um correspondente nosso dirigiu-se ao camarada Stálin, Comissário do Povo para as Nacionalidades, pedindo-lhe exprimir seu pensamento sobre a questão.
A uma série de perguntas formuladas pelo nosso correspondente, o camarada Stálin deu a seguinte resposta:
As Federações Democráticas Burguesas
De todas as uniões federativas existentes, as mais características, quanto ao regime democrático burguês, são as federações americana e suíça. Historicamente, formaram-se de Estados independentes, passando da confederação à federação; ademais, transformaram-se praticamente em Estados unitários, que da federação só conservaram a forma. Todo esse processo de desenvolvimento, da independência ao regime unitário, verificou-se através de uma série de violências, de repressões e de guerras nacionais. Basta recordar a guerra dos Estados americanos do Sul contra os do Norte[N12] e a guerra do Sonderbund[N13] contra os outros cantões da Suíça. Além disso, não se pode deixar de salientar que os cantões da Suíça e os Estados da América não se formaram segundo um critério nacional e nem sequer segundo um critério econômico, mas de um modo todo fortuito, devido à ocupação casual destes ou daqueles territórios por emigrantes colonizadores ou comunidades agrícolas.
Em que se Distingue Dessas Federações a Federação da Rússia que se Sncontra em seu Processo de Formação
A Federação que se está formando agora na Rússia apresenta, e deve apresentar, um quadro totalmente diverso.
Em primeiro lugar, na Rússia as diferentes regiões são unidades nitidamente determinadas no que se refere aos costumes e à composição étnica. A Ucrânia, a Criméia, a Polônia, a Transcaucásia, o Turquestão, a região do curso médio do Volga, a região quirguiz, distinguem-se do centro não só por sua posição geográfica (regiões periféricas), mas também como territórios economicamente coesos, com determinados costumes e com uma população nacional homogênea.
Em segundo lugar, essas regiões não constituem territórios livres e independentes, mas unidades que foram mantidas pela violência no organismo político do Estado russo e que hoje visam obter a necessária liberdade de ação sob a forma de relações federativas ou de completa independência. A história da "unificação" desses territórios apresenta um quadro cheio de violências e de repressões exercidas pelas velhas autoridades russas. A instauração na Rússia de um regime federativo significará a libertação desses territórios, e dos povos que os habitam, do velho jugo imperialista. Do regime unitário à federação!
Em terceiro lugar, nas federações do Ocidente a edificação da vida estatal é dirigida pela burguesia imperialista. Não é de admirar que a "unificação" não se tenha podido realizar sem violências. Aqui na Rússia, ao contrário, a edificação política é dirigida pelo proletariado, inimigo jurado do imperialismo. esse motivo, tia Rússia se pode e se deve instaurar o regime federativo, na base da livre união dos povos.
Essa é a diferença essencial entre a federação na Rússia e as federações no Ocidente.
Os Princípios da Edificação da Federação da Rússia
Disso resulta claramente — continua o camarada Stálin — que a Federação da Rússia não é a união de simples cidades independentes (como acreditam os caricaturistas da imprensa burguesa), ou, de um modo geral, de regiões (como imaginam alguns camaradas nossos), mas a união de determinados territórios historicamente distintos, que se diferenciam tanto por seus costumes particulares quanto por sua composição nacional. Não é a posição geográfica desta ou daquela região o que pesa, nem tampouco que algumas regiões sejam separadas do centro por extensões d’água (Turquestão), cadeias de montanhas (Sibéria) ou estepes (ainda o Turquestão). Esse federalismo geográfico propagado por Látsis nada tem de comum com o federalismo anunciado pelo Congresso dos Soviets. A Polônia e a Ucrânia não estão separadas do centro por nenhuma cadeia de montanhas ou extensão d’água, mas a ocorre sustentar que a falta de tais elementos geográficos exclua aquelas regiões do direito à livre autodeterminação.
Por outro lado, é fora de dúvida — diz o camarada Stálin — que tampouco o federalismo original dos regionalistas de Moscou, os quais se esforçam para unificar artificialmente em torno de Moscou quatorze províncias, nada tem de comum com a conhecida resolução do III Congresso dos Soviets sobre a federação. Não há dúvida de que a zona têxtil central, compreendendo apenas algumas províncias, é uma unidade econômica coesa e que, como tal, terá um organismo administrativo regional, na qualidade de seção autônoma do Conselho Supremo da Economia Nacional. Mas, o possa haver de comum entre a atrasada Kaluga e a industrial Ivánovo-Voznessensk e qual o critério que segue o atual Conselho Regional dos Comissários do Povo para "unificá-las", é coisa que não se consegue compreender.
Composição da República Federativa da Rússia
Evidentemente não é qualquer fração ou unidade, nem qualquer território geográfico, que deve e pode fazer parte de uma federação, mas somente determinadas regiões, que reúnam naturalmente particularidades de costumes, uma composição étnica própria e um mínimo de coesão econômica em seus territórios. Assim a Polônia, a Ucrânia, a Finlândia, a Criméia, a Transcaucásia (não se exclui, além disso, a possibilidade de que a Transcaucásia se divida numa série de determinadas unidades territoriais nacionais, como a georgiana, a armênia, a azerbaidjano-tártara, etc.), o Turquestão, a região quirguiz, o território tártaro-bachkírio, a Sibéria, etc.
Direitos das Regiões FederadasDireitos das Minorias Nacionais
Os limites dos direitos dessas regiões federadas serão elaborados, de maneira concreta, no curso da edificação da Federação Soviética em seu conjunto; todavia, é possível estabelecer desde já, a traços largos, esses direitos. O exército e a marinha de guerra, os negócios estrangeiros, as estradas de ferro, os correios e telégrafos, o sistema monetário, os tratados comerciais, a política geral econômica, financeira e bancária, tudo isto necessariamente deverá ser da competência do Conselho Central dos Comissários do Povo. Todas as outras questões, e, antes de mais nada, as formas de aplicação dos decretos gerais, a escola, o processo judiciário, a administração, etc., serão da competência dos Conselhos Regionais dos Comissários do Povo. Nenhuma língua "oficial" obrigatória, nem no processo judiciário, nem na escola! Cada região escolherá a língua ou as línguas correspondentes à composição de sua população; além disso, respeitará a completa igualdade de direitos no uso das línguas, tanto das minorias como das maiorias, em todas as disposições administrativas e políticas.
Estrutura do Poder Central
A estrutura do Poder central, as modalidades de sua constituição, são determinadas pelas peculiaridades da Federação da Rússia. Na América e na Suíça o federalismo levou à pratica um sistema bicameral: de um lado, um parlamento eleito segundo o princípio do sufrágio universal, de outro lado um conselho federal constituído dos estados ou dos cantões. Esse é o sistema bicameral que na realidade conduz ao conhecido burocratismo legislativo burguês. Não é necessário dizer que as massas trabalhadoras da Rússia não aceitariam esse sistema bicameral. Nem falemos sequer da completa incompatibilidade desse sistema com as exigências elementares do socialismo.
Parece-nos — continua o camarada Stálin — que o órgão supremo do Poder da Federação da Rússia deve ser o Congresso dos Soviets, eleito por todas as massas trabalhadoras da Rússia, ou então o Comitê Executivo Central que o substitui. Será preciso, ao mesmo tempo, abandonar para sempre o preconceito burguês da infalibilidade do "princípio" do sufrágio universal. O direito de voto será, ou deverá ser, concedido só àquelas camadas da população que são exploradas ou que, de qualquer modo, não exploram o trabalho alheio. Este é o resultado natural da situação criada pela ditadura do proletariado e das massas camponesas pobres.
O Órgão Executivo do Poder
No que se refere ao órgão executivo do Poder da Federação da Rússia, isto é, o Conselho Central dos Comissários do Povo, este será eleito pelos congressos dos soviets entre os candidatos apresentados, acreditamos., pelo centro e regiões federadas. Assim, entre o Comitê Executivo Central e o Conselho dos Comissários do Povo não haverá nem deverá haver a chamada segunda câmara. Sem dúvida, a prática poderá e deverá elaborar outras formas mais elásticas e adequadas ao objetiva de harmonizar os interesses das regiões e do centro na obra de edificação do Poder. Mas uma coisa é certa: qualquer que seja a forma que a prática elabore, essa forma não fará ressuscitar o sistema bicameral superado e sepultado pela nossa revolução.
Função Transitória do Federalismo
Tais são, a meu ver, — continua o nosso interlocutor, — os traços gerais da Federação da Rússia, que se vai formando sob os nossos olhos. Muitos são inclinados a considerar o regime federativo como o mais estável e sem dúvida como o ideal, e em confirmação dessa tese citam freqüentemente o exemplo da América, do Canadá e da Suíça. Todavia, o entusiasmo exagerado pelo federalismo não é justificado pela história. Em primeiro lugar, tanto a América, como a Suíça, não são mais federações, foram-no entre 1860 e 1870; na realidade transformaram-se em Estados unitários desde o fim do século passado, quando os estados e cantões transferiram todo o Poder ao governo federativo central.
A história mostrou que o federalismo da América e da Suíça não constituiu senão uma fase transitória que preparou a passagem da independência dos estados e cantões para a sua completa unificação. O federalismo mostrou ser uma forma plenamente adequada ao objetivo. uma fase transitória que preparava a passagem da independência ao unitarismo imperialista, mas foi superado e abandonado logo que atingiram a maturidade as condições necessárias para a unificação dos estados e dos cantões num único Estado unitário.
O Processo de Edificação Política da Federação da Rússia.O Federalismo na Rússia, Fase Transitória que Prepara o Regime Unitário Socialista
Na Rússia a edificação política segue um processo inverso. Aqui, o unitarismo forçado tzarista é substituído por um federalismo voluntário, para que, com o correr do tempo, o federalismo ceda lugar a uma voluntária e fraternal união das massas trabalhadoras de todas as nações e de todas as comunidades da Rússia. O federalismo na Rússia — disse o camarada Stálin terminando a sua entrevista — está destinado a ter, como na América e na Suíça, uma função transitória, a qual prepara o futuro regime unitário socialista.
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Notas de fim de tomo:
[N12] A Guerra de Secessão americana (1861-1865) estourou quando sete estados dissidentes do Sul separaram-se da União e proclamaram-se "Estados Confederados da América". A vitória do Norte assinalou o início da unificação nacional de todos os estados americanos sob um governo federal central. (retornar ao texto)
[N13] O Sonderbund, união reacionária dos sete cantões católicos da Suíça fundada em 1845, apoiava o fracionamento político do país. Em 1847, estalou um conflito armado entre o Sonderbund e os outros cantões da Suíça que eram favoráveis a uma centralização do Poder. A guerra terminou pela derrota do Sonderbund e a transformação da Suíça, de federação de Estados, num único Estado federal. (retornar ao texto)

quinta-feira, 4 de março de 2010

A IMPORTÂNCIA DA ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES NO SOCIALISMO


A importância da organização das mulheres
Enviado para Especial, Marxismo Enviado em 01-03-2010
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0 -->“De nossas concepções ideológicas se desprendem como conseqüência medidas de organização. Nada de organizações especiais de mulheres comunistas! A comunista é tão militante do Partido como é o comunista, com as mesmas obrigações e direitos. Nisto não pode haver nenhuma divergência. Entretanto não devemos fechar os olhos perante os fatos. O Partido deve contar com os órgãos – grupos de trabalho, comissões, seções, ou como se decida denominá-los – cuja tarefa principal consista em despertar as amplas massas femininas, vinculadas ao Partido, sobre a sua influência. Para isto é necessário, sem dúvida, que desenvolvamos plenamente, um trabalho sistemático entre essas massas femininas. Devemos educar as mulheres que tenhamos conseguido tirar da passividade, devemos recrutá-las e armá-las para a luta de classes proletária sob a direção do Partido Comunista. Não só me refiro às proletárias que trabalham na fábrica ou se afanam no lar, como também às camponesas e às mulheres das distintas camadas da pequena-burguesia. Elas também são vítimas do capitalismo e desde a guerra são mais que nunca. Psicologia apolítica, não social, atrasada dessas massas femininas; estreiteza de seu campo de atividade, todo seu modo de vida: estes são os fatos. Não prestar atenção a isto seria inconcebível, completamente inconcebível. Necessitamos de métodos especiais de agitação e formas especiais de organização. Não se trata de uma defesa burguesa dos “direitos da mulher”, e sim, dos interesses práticos da revolução”. (Lênin)
Disse a Lênin que suas reflexões constituíam para mim um apoio valioso. Muitos camaradas, muitos bons camaradas se opunham de maneira mais decidida a que o Partido criasse órgãos especiais para um trabalho metódico entre as amplas massas femininas. Chamavam a isto retorno às tradições social-democratas, à célebre “emancipação da mulher”. Tratavam de demonstrar que os partidos comunistas, ao reconhecerem por princípio e plenamente a igualdade de direitos da mulher, devem desenvolver seu trabalho entre as massas de trabalhadores sem diferença de qualquer espécie. A maneira de trabalhar entre as mulheres deve ser a mesma que entre os homens. Todo intento de considerar na agitação e na organização as circunstâncias indicadas por Lênin é considerada pelos defensores da opinião oposta: oportunismo, traição e uma renúncia aos princípios.

Clara lutou por uma sociedade sem classes e sem machismo
-“Isto não é novo nem serve de modo algum como prova- replicou Lênin- não se deixe confundir. Por que em nenhuma nação, nem na Rússia Soviética, militam no Partido tantas mulheres quantos são os homens? Por que o número de mulheres operárias organizadas nos sindicatos é tão pequeno? Estes fatos nos obrigam a refletir. Negar a necessidade de órgãos especiais para nosso trabalho entre as extensas massas femininas é uma das manifestações muito de princípio e muito radical de nossos “queridos amigos” do Partido Operário Comunista. Segundo eles, deve existir uma só forma de organização: a união operária. Já sei. Muitas cabeças de mentalidade revolucionaria, porém embaralhadas, se remetem aos princípios e não vêem a realidade, isto é quando a inteligência se nega a apreciar os fatos concretos aos quais se deve prestar atenção. Como fazem frente, estes mantenedores da “pureza de princípios”, às necessidades que nos impõe o desenvolvimento histórico em nossa política revolucionária? Todas essas defesas vêm abaixo ante uma necessidade inexorável: sem milhões de mulheres não podemos levar a cabo a construção comunista. Devemos encontrar o caminho que nos conduz até elas, devemos estudar muitos métodos para encontrá-lo”.
“Por isto é totalmente justo que apresentemos reivindicações em favor da mulher. Isto não é um programa mínimo, não é um programa de reformas no espírito social-democrata, no espírito da II Internacional. Isto não é o reconhecimento de que acreditamos na eternidade ou ao menos na existência prolongada da burguesia e de seu Estado. Tampouco é nossa intenção apaziguar as massas femininas com reformas e desviá-las da luta revolucionária. Isto nada tem em comum com as superstições reformistas. Nossas reivindicações existem na prática, pela tremenda miséria e pelas vergonhosas humilhações que sofre a mulher, débil e desamparada em um regime burguês. Com isto testemunhamos que conhecemos essas necessidades, que compreendemos a opressão da mulher, que compreendemos a situação privilegiada do homem e odiamos. – Sim, odiamos e queremos eliminar tudo que oprime e atormenta a operária, a mulher do operário, a camponesa, a mulher do homem simples e inclusive, e em muitos aspectos, a mulher acomodada. Os direitos e as medidas sociais que exigimos da sociedade burguesa para a mulher, são uma prova de que compreendemos a situação e os interesses da mulher e de que na ditadura proletária a teremos em conta. Desde logo, não com adormecedoras medidas de tutela; não, claro que não, sim como revolucionários que chamam a mulher a trabalhar em pé de igualdade pela transformação da economia e da superestrutura ideológica.”
Assegurei a Lênin que compartilhava de seu ponto de vista, porém, que este ponto de vista encontraria, indubitavelmente, resistência. Mentes inseguras e medrosas o rechaçariam como “oportunismo perigoso”. Tampouco podemos negar que nossas reivindicações para as mulheres podem compreender-se e interpretar-se equivocadamente.
-“Que vamos fazer! – Lênin exclamou, algo irritado. Este perigo se estende a tudo que digamos e façamos. Se por temor a ele nos abstivermos de atos convenientes e necessários, poderemos converter-os em índios místicos contemplativos. Nada de mover-se, nada de mover-se, senão caímos da altura de nossos princípios! Em nosso caso, não se trata simplesmente de que exijamos isto e sim de como fazemos isto. Eu acredito que sublinhei com bastante clareza, isto. Como é lógico, em nossa propaganda não devemos ficar na posição de rezar um rosário de nossas reivindicações para as mulheres. Não, dependendo das condições existentes, devemos lutar ou por uma das reivindicações ou por outra, lutar de verdade, sempre em relação aos interesses gerais do proletariado”.
“Como é lógico, cada combate nos põe em contradição com a honorável camarilha burguesa e seus não menos honoráveis lacaios reformistas. Isto obriga estes últimos a lutar ao nosso lado, sob nossa direção – coisa que não querem – ou a tirar a máscara. Portanto, a luta faz com que nos destaquemos e mostra claramente nosso perfil comunista. A luta provoca a confiança das amplas massas femininas, que se sentem exploradas, escravizadas, esgotadas pelo domínio do homem, pelo poder dos patrões e por toda sociedade burguesa em seu conjunto. As trabalhadoras, traídas e abandonadas por todos, começam a entender que devem lutar junto conosco. Devemos ainda persuadir-nos uns aos outros que a luta pelos direitos da mulher tem de vincular-se com o objetivo fundamental: com a conquista do Poder e a instauração da ditadura do proletariado. Isto é para nós, nos momentos atuais e nos que se seguirão, o alfa e o ômega. Isto é evidente, completamente evidente. Porém as amplas massas femininas, trabalhadoras, não sentirão desejo irresistível de compartilhar conosco a luta pelo Poder do Estado, se sempre apregoamos somente esta reivindicação, ainda que seja com as trombetas de Jericó! Não, não! Também devemos vincular politicamente, na consciência das massas femininas, no chamamento, com os sofrimentos, as necessidades e os desejos das trabalhadoras. Estas devem saber que a ditadura proletária significa a plena igualdade de direitos com o homem, tanto perante a lei, como na prática, na família, no Estado e na sociedade, assim como também a derrubada do poder da burguesia.”
- A Rússia Soviética está demonstrando isto, exclamei! E nos servirá de grande exemplo!
Lênin prosseguiu:
-“A Rússia Soviética levanta nossas reivindicações para as mulheres sob um novo aspecto. Na ditadura do proletariado, estas reivindicações já não são objeto de luta entre o proletariado e a burguesia, e sim, são tijolos para a construção da sociedade comunista. Isto mostra às mulheres estrangeiras a importância decisiva da conquista do Poder pelo proletariado. A diferença entre sua situação aqui e lá, deve ser estabelecida com precisão, para que vocês possam contar com as massas femininas na luta revolucionária de classes do proletariado. Saber mobilizá-las com uma clara compreensão dos princípios e sob uma firme base organizativa, é uma questão da qual dependem a vida e a vitória do Partido Comunista. Porém, não devemos enganar-nos. Em nossas seções nacionais não existe ainda uma compreensão cabal deste problema. Nossas seções nacionais mantêm uma atitude passiva e expectante perante a tarefa de criar, sob a direção comunista, um movimento de massas das trabalhadoras. Não compreendem que liberar esse movimento de massas e dirigi-lo constitui uma parte importante de toda a atividade do partido, inclusive a metade do trabalho geral no Partido. Às vezes, o reconhecimento da necessidade e do valor de um potente movimento feminino comunista, que tenha diante de si um objetivo claro, é um reconhecimento platônico da palavra e não uma preocupação e um dever constante do Partido.”
A agitação e a propaganda entre as mulheres
“Nossas seções nacionais recebem o trabalho de agitação e propaganda entre as massas femininas, seu despertar e sua radicalização revolucionária, como algo secundário como uma tarefa que só afeta as mulheres comunistas. Às comunistas incomoda que este trabalho não avance com a devida rapidez e energia. Isto é injusto, totalmente injusto! É uma verdadeira igualdade de direitos ao avesso, “á la rebours”, como dizem os franceses. Em que se baseia esta posição errada de nossas seções nacionais? Não falo da Rússia Soviética. Definitivamente, isto é somente uma subestimação da mulher e de seu trabalho. Precisamente isto. Desgraçadamente ainda se pode dizer de muitos de nossos camaradas: “Escave um comunista e encontrará um filisteu”. Como é natural devemos escavar em um ponto sensível: em sua psicologia em relação à mulher. Existe prova mais consistente que os homens assistam com calma como a mulher se desgasta no trabalho doméstico, um trabalho miúdo, monótono, esgotante, que lhe absorve o tempo e as energias; como estreitam seus horizontes, se nubla sua inteligência, se debilita o bater de seus corações e decai a vontade? Não estou aludindo, naturalmente às damas burguesas que encomendam todos os seus afazeres domésticos, incluindo o cuidado dos filhos, a pessoas assalariadas. Tudo o que digo se refere à imensa maioria das mulheres, entre elas as mulheres dos operários, ainda que passem todo o dia na fábrica e ganhem seu salário”.
“São muitos poucos os maridos, inclusive entre os proletários que pensam no muito que poderiam aliviar o peso e as preocupações da mulher e até suprimi-los por completo, se quisessem ajudar no “ trabalho da mulher”. Não fazem por considerar isto em contradição com o “direito e a dignidade do marido”. Este exige descanso e comodidade. A vida continua substituindo de maneira encoberta. Sua escrava vinga-se dele objetivamente, por esta situação e também de maneira velada: o atraso da mulher, sua incompreensão dos ideais revolucionários do marido, debilitam o entusiasmo deste e sua decisão de luta. Estes são os pequeninos vermes que corroem e minam as energias de modo imperceptíveis e lento, porém seguro. Conheço a vida dos operários não somente pelos livros. Nosso trabalho comunista entre as massas femininas precisa ser compreendido por uma parte cada vez mais considerável dos homens. Devemos extirpar, até as últimas e mais ínfimas raízes, o velho ponto de vista próprio dos tempos da escravidão. Devemos fazê-lo tanto no Partido como entre as massas. Isto se relaciona tanto com nossas tarefas políticas como à imperiosa necessidade de formar um núcleo de camaradas – homens e mulheres – que conte com uma séria preparação, teórica e prática para realizar e impulsionar o trabalho do Partido entre as trabalhadoras.”, concluiu Lênin.
(Fonte: livro Recordações de Lênin, de Clara Zetzin))