sábado, 2 de fevereiro de 2008

Patrões dos governantes

Bancos lideram ranking das marcas mais valiosas no País
SÃO PAULO - Não é de hoje que se sabe que os bancos apresentam resultados financeiros surpreendentes, com recordes atrás de recordes. Não à toa, o levantamento divulgado ontem pela consultoria Interbrand traz três instituições financeiras nas primeiras colocações entre as marcas mais valiosas do País. E no que depender das condições econômicas, os bancos devem se manter à frente, pelo menos no curto prazo. "A tendência é que os bancos continuem encabeçando o ranking", afirma o diretor de avaliação de marcas da Interbrand, Alexandre Zogbi.
A quarta edição do ranking das marcas mais valiosas do Brasil traz o Banco Itaú na primeira posição, com valor da marca estimado em R$ 8,076 bilhões. Na seqüência, aparece o Bradesco, com R$ 7,922 bilhões e na terceira posição está o Banco do Brasil, com R$ 7,772 bilhões. Estes três bancos ocupavam as mesmas posições na última edição do ranking, de 2005, o que comprova a consolidação do segmento financeiro e a tendência apontada por Zogbi.
Em 2006 a consultoria não realizou o levantamento. "Achamos que o mercado não tinha sofrido alterações tão significativas", justifica o diretor da Interbrand. A metodologia para o ranking compreende um cruzamento dos resultados financeiros obtidos com as influências que a marca exerceu sobre os consumidores para que chegassem aos lucros obtidos.
E foram, principalmente, os resultados financeiros que levaram os bancos às primeiras colocações. "O resultado financeiro dos bancos foram excelentes", diz Zogbi. "E a marca para um banco é muito importante, porque é ela que transmite confiança aos correntistas para depositarem suas economias."
O ranking mostra a Petrobras em quarto lugar, com valor de marca de R$ 5,738 bilhões. A estatal subiu duas posições na comparação com o levantamento de 2005. Zogbi explica: "O barril de petróleo subiu muito neste intervalo de tempo, o que alavancou o resultado financeiro da Petrobras. Além disso, ela tem feito várias ações, como a internacionalização, o que também faz com que marca ganhe mais força".
Com valor de marca de R$ 4,341 bilhões, o Unibanco aparece na quinta colocação. O banco avançou quatro posições - em 2005 estava em nono lugar. A galgada de posições se deve por conta da tradição da instituição e das ações culturais promovidas, que refletiram no ativo da marca. Única empresa de bens de consumo entre as dez primeiras, a Natura figura na sexta colocação, com valor de R$ 4,338 bilhões para a marca. A empresa esteve em oitavo lugar no último levantamento.
Segundo Zogbi, a perspectiva da Interbrand é de que mais empresas de bens de consumo apareçam no próximo ranking. O motivo é que cada vez mais empresas estão abrindo capital na Bovespa. Ser listada em bolsa ou publicar regularmente informações financeiras ao mercado é um dos requisitos para entrar no levantamento da consultoria. "Esse fenômeno de abertura de capital fez com que mais empresas fossem cotadas na Bolsa, o que as obriga a publicar balanço", diz o diretor da Interbrand. "Como antes elas tinham capital fechado e não estavam na Bolsa, não tínhamos acesso aos números da empresa e, portanto, não podíamos incluir no ranking", acrescentou.
Mineração e siderurgia
Fato inédito no levantamento foi a entrada de duas siderúrgicas e uma mineradora entre as dez marcas mais valiosas do País. A mineradora Vale, que deixou de ser chamada de Companhia Vale do Rio Doce, aparece na sétima posição com valor de marca de R$ 2,871 bilhões. Na nona colocação, está a siderúrgica Gerdau, com R$ 681 milhões, e a Usiminas comparece no décimo lugar, com R$ 626 milhões.
Segundo Zogbi, a entrada destas empresas foi impulsionada pela alta do minério de ferro, que "teve mais de 100% de aumento no valor". Por esta razão, a mineradora Vale, líder do mercado transoceânico mundial de minério de ferro, aparece à frente, pois obteve "resultados muito interessantes". Na cola deste aproveitamento, aparecem as "primas-irmãs" Gerdau e Usiminas, que se valem da matéria-prima para a produção do aço.
Aviação sem riscos
Mesmo tendo sido alvo do noticiário pela maior tragédia aérea do País, a TAM também aparece no levantamento. Ela está no oitavo lugar, com valor de marca de R$ 881 milhões. "Claro que o acidente foi ruim, como seria para qualquer empresa", pondera Zogbi. E continua: "Os aeroportos viraram sinônimo de tortura para os brasileiros, mas isso é culpa da infra-estrutura aérea e da administração pública. O fato é que as pessoas continuam voando e a TAM acabou sendo a companhia que obteve os melhores resultados financeiros e, mesmo com o acidente, não diminuiu seu valor de marca".
Questionado sobre a concorrente, a Gol, o diretor da Interbrand explica que a companhia tem menos tradição e longevidade do que a TAM. Além disso, ele pontua a questão de custos. A Gol tem uma frota de aeronaves recente e esse custo ainda está sendo amortizado. "Nos resultados, a TAM está conseguindo liberar mais dinheiro para os acionistas do que a Gol", afirmou. Mas Zogbi ressalta: "A Gol só não aparece porque limitamos o ranking a dez marcas".
O ranking da Interbrand avaliou 40 empresas brasileiras, mas não colocou nenhuma cervejaria nem fabricante de refrigerantes. Isso ocorreu principalmente por conta da maciça entrada de capital estrangeiro nessas marcas - um dos critérios para entrar na lista é que seja empresa de capital majoritariamente brasileiro. Mas mesmo que a Interbrand abrisse mão desta requisito, ainda assim não seria possível incluí-las. "O balanço delas, como a AmBev por exemplo, é consolidado, não separa por marcas. Então não tenho como calcular o valor de cada uma", ressalta Zogbi.

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