quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Reservas indígenas estão servindo á quem?

Assunto: O Brasil vai diminuir de tamanho...

A PRÓXIMA GUERRA

(Segue abaixo o relato de Mara Silvia Alexandre Costa, que passou
recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em
Roraima. Trata-se de um Brasil que a gente não conhece)


As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil
um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a
fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até
pessoas com um mínimo de instrução. Para começar o mais difícil de
encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verdade, acho que a
proporção é de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem
gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí
vai. Portanto, falta uma identidade com a terra.

Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é
funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se
concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da
prefeitura, é claro. Se não for funcionário público a pessoa trabalha
no comércio local ou recebe ajuda de Programas do Governo. Não existe
indústria de qualquer tipo. Pouco mais de 70% do território roraimense
é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%,
descontando-se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para
se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.

Na única rodovia que existe em direção ao Brasil que liga Boa Vista a
Manaus, (cerca de 800 km) existe um trecho de aproximadamente 200 km
da reserva indígena Waimiri Atroari por onde você só passa entre 6 da
manhã e 6 da tarde; nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos
índios (com autorização da Funai e dos norte-americanos), para que os
mesmos não sejam incomodados.

Detalhe: você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos
norte-americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território
indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande
burocracia e autorização da Funai.

Detalhe II: Norte-americanos entram na hora que quiserem, se você não
tem uma autorização da Funai mas tem dos americanos então você pode
entrar... A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou
francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na
entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras
americanas ou inglesas.

É comum se encontrar por aqui americano tipo nerd com cara de quem não
quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no
final das contas - pasme - se você quiser montar um empresa para
exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí, camu-camu etc.,
medicinais ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode
se preparar para pagar 'royalties' para empresas japonesas e
americanas, que vêm patenteando a maioria dos produtos típicos da
Amazônia.

Por três vezes repeti a seguinte frase, após ouvir tais relatos: "-É, os
norte-americanos vão acabar tomando a Amazônia" - e em todas elas ouvi
a mesma resposta, em palavras diferentes... Vou reproduzir a resposta
de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próxima a
Mucajaí: " -Irão, não, minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é
deles, eles comandam tudo,
você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar
essa guerra aí, eles virão pra cá e vão fazer o que fizeram no Iraque,
quando
determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra! Aqui
vai ser a mesma coisa."

A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de
nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de
nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão
libertando os nossos povos indígenas... Dá para lembrar aos
"esquecidos" brasileiros simpatizantes da causa qual o tratamento que
um general yankee (Gen. Custer) deu às evoluídas tribos deles
(cherokee, sioux etc.), enquanto nosso General Rondon afirmava aos
seus comandados em relação aos nossos brasileiros índios - "morrer, se
preciso for, matar, NUNCA!"

Fiquei sabendo que os amer icanos já estão construindo uma grande base
militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa
parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivo de combater o
narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição,
pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem
estrada para as guianas e a Venezuela.

Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for
americano, europeu ou japonês (isso pode causar um incidente
diplomático). Dizem que tem muito colombiano traficante virando
venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania
venezuelana por cerca de 200 dólares. Pergunto inocentemente às
pessoas; " -Porque os norte-americanos querem tanto proteger os índios?"

A resposta é absolutamente a mesma: "porque as terras indígenas, além
das riquezas animais e vegetais e da abundância de água, são
extremamente ricas em ouro (encontram-se pepitas que chegam a ser
pesadas em quilos), diamante, pedras preciosas, minério e nas reservas
norte de Roraima e do Amazonas, ricas em PETRÓLEO. Parece que as
pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que
é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma
autoridade do sul que vá fazer alguma coisa.

É, pessoal, saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil
irá diminuir de tamanho... Será que podemos fazer alguma coisa? Acho
que sim. Repasse esse e-mail para que um maior número de brasileiros
fique sabendo desses absurdos.

Um grande abraço a todos,

Mara Silvia Alexandre Costa, Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag. Patog.
FMRP - USP

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